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Opinião
09/02/2006 - 18h54
O Cícero de Garanhuns se inflama em Queimados
Mario Guerreiro - Parlata
 

Todos sabem: presidente americano em fim de governo é chamado de pato manco. Mas, mesmo em fim de governo, Lula não se manca.” - Millôr Fernandes em Veja, ano 39, nº 3

Finalmente, chegou o grande dia! Tal como já havia sido anunciado, Lullinha Paz e Amor aconteceu em Nova Iguaçu (RJ) e Queimados (RJ). Simplesmente apoteótico! Com música evangélica, pastores cantores de Gospel, samba no pé e na cabeça e tudo mais. Com as ilustres presenças dos senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Saturnino Braga (PT-RJ), do puxador de samba Neguinho da Beija-Flor, da porta-bandeira da escola Selminha Sorriso, und so weiter. Isto para não falar no organizador da festança, Lindberg Farias (PT-RJ), o Lindinho, e seu parceiro Rogério do Salão (PL-RJ), o Rogerinho.

Embalado pela mais recente pesquisa do IBOPE que mostra sua vitória parcial (só no primeiro turno) sobre todos os seus adversários, o Cícero de Garanhuns estava como nunca e deitou falação em notáveis discursos de improviso que somente um apedeuta – incapacitado de se reconhecer como tal - seria capaz de fazer. Um dos pontos máximos de sua brilhante oratória, alvo de intensa vibração da galera, foi:

Essa é minha gente porque essa é minha cara. Minha cara não é a da zonal sul, da Avenida Paulista. É a cara do povo sofrido deste país.

De fato, sua cara não é mesmo a da Zona Sul: é de onde saem mais votos. E como todo mundo sabe, o colégio eleitoral da Baixada é muito maior do que o da Zona Sul. Porém, se menor fosse, Lulla teria a cara do Garoto de Ipanema. Mas se sua cara não é da Zona Sul, também não é a da Baixada: é a bichada. Pela constante falta de uso de óleo de peroba contra cupins.

Como ninguém ignora, uma das coisas mais importantes numa verdadeira democracia é a ocupação de cargos públicos mediante concurso aberto a todos os cidadãos maiores de idade e vacinados, onde se espera que sejam selecionados os mais capazes. Aparentemente, Lula concorda com isto...

A prova é que em sua passagem por Xerém – distrito de Duque de Caxias (RJ) – onde visitou o INMETRO (Instituto de Metrologia e Qualidade Industrial), Lulla faz uma apologia do concurso como instituição democrática (apesar de nunca ter feito um) e pôs em destaque um concurso, aberto por ele, para o preenchimento de 500 vagas naquele importante órgão técnico federal.

Não deixou de aproveitar o ensejo para meter o malho na mídia por ele ter aberto o referido concurso. Como se a mídia fosse contra concursos, quando na realidade ela - bem como todos os espíritos autenticamente democráticos - não são exatamente contra concursos, mas sim contra aberturas de concursos ao apagar das luzes de um governo, como medida descaradamente eleitoreira. Mesmo porque não se trata de um caso isolado, mas sim de um inserido num pacotão de medidas demagógicas.

Mas fizemos questão de dizer que Lulla aparentemente não é contra concursos, pois no mesmo dia em que fez uma apologia dos mesmos no INMETRO, colocou-se contra a ação direta de inconstitucionalidade, movida pelo Procurador Geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra a prorrogação de contratos temporários firmados pela FUNASA (Fundação Nacional de Saúde). Ora, como diz o próprio nome, tais contratos são por tempo determinado, findo o qual a lei exige que sejam despedidos os contratados e aberto concurso público para o preenchimento das funções.

O que Lulla quer é eternizar o temporário, tornando o provisório definitivo, que nem a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), porém por motivo diferente do de sugar o sangue do vampirizado contribuinte. Para justificar sua posição contra a justíssima medida tomada pelo Procurador Geral da República, visando a evitar que companheiros mata-mosquitos se eternizem no serviço público sem ter feito concurso, Lulla soltou uma verdadeira pérola de ignorância e demagogia:

Fazer concurso significa que um mais letrado, que não é mata-mosquitos, vai passar no lugar de alguém já mata-mosquito. Apesar do concurso ser transparente, democrático e justo, sabemos que muitos não tiveram a chance de estudar como os outros.

O curioso é que Lulla não nega que o concurso para mata-mosquitos seja “transparente, democrático e justo” - como, de resto, todos os concursos públicos devem ser. Mas se é assim, por que outra razão se coloca ele contra o mesmo?

O fato de que há pessoas com maior instrução do que outras fazendo concursos às vezes abaixo de sua qualificação – por exemplo: advogados e engenheiros fazendo concursos para garis e lixeiros - é um lamentável sintoma de uma sociedade com uma demanda muito maior do que a oferta de empregos, não um motivo para que se impeçam essas mesmas pessoas de fazer os mencionados concursos.

Quem pode mais, pode menos: se um indivíduo é portador de um diploma de MBA (Master in Business and Administration), está devidamente habilitado a fazer um concurso em que é exigido um diploma de segundo grau, e sua óbvia vantagem em relação a um portador de um diploma muito inferior ao seu, é mero fruto de circunstâncias sociais pelas quais ele não é responsável, não sendo merecedor, portanto, de nenhuma forma de sanção.

Só há dois modos de corrigir – ou ao menos atenuar – distorções sociais dessa natureza: (l) oferecendo educação pública de boa qualidade para todos e (2) criando condições econômicas para que haja maior oferta de empregos na iniciativa privada, se estendendo a todas as qualificações profissionais, e não tornando o Estado um cabidão de empregos, tendo como critério único o Q.C.I., isto é: Que Companheiro Indicou? Creio, no entanto, que tais medidas estão além da capacidade de compreensão de estatólatras irrecuperáveis como Lulla e os membros do PT (Perda Total).

Apêndice I: queimados, uma verdadeira calamidade pública!

Apesar das insistentes advertências médicas de que a exposição prolongada do corpo a raios infravermelhos do sol forte de verão pode causar fotoenvelhecimento da epiderme (caindo no popular: aquele efeito retardado conhecido como pele de maracujá-de-gaveta) ou, na pior hipótese, um indesejável câncer de pele, as pessoas continuam se lambuzando dos pés à cabeça com óleos de bronzear e se deixando torrar na praia como se carne-de-sol fossem e a areia , farinha como acompanhamento...

Mal acabou de entrar o verão no Rio – verdadeira canícula senegalesca! – e já baixaram no Hospital do Andaraí - centro de referência no tratamento de queimados - cerca de 80 viventes com queimaduras até de quarto grau!

Os piores casos são os daqueles que utilizam as famosas fórmulas caseiras para um bronzeado rápido e eficaz, onde iodo, suco de beterraba e/ou de cenoura, entre as mais estranhas substâncias, entram na composição. Neste domingo, baixou na emergência do hospital uma jovem com 70% de seu corpo tomado por graves queimaduras. Indagada pelo perplexo médico de que tipo de óleo de bronzear fizera tão generoso uso, respondeu que era um preparado caseiro feito à base de óleo de soja!

Não é de surpreender, pois, que tivesse se tornado um bife bem passado!


Nota do Editor: Mario Guerreiro é doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade. Autor de obras como Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000). Liberdade ou Igualdade (Porto Alegre, EDIOUCRS, 2002).

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