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Opinião
12/02/2006 - 16h28
Corre, que o amor te pega!
Jorge Lima
 

Tudo começou quando menos se esperava. Uma pessoa legal, de bom papo. Carência, solidão, vontade de encontrar alguém, tara. Fosse para compartilhar as coisas triviais da vida. Um olhar, um sorriso, um pequeno aperto de mão descompromissado, as trocas de idéias e um interesse aumentando. Toques leves, mostrando o ar doce do pecado, carne fraca e deliciosa. Olhares cruzando-se no fundo da alma, trazendo a fome do desejo. Canibalismo bendito chamado tesão. Nem Pessoa, Drummond, Lispector, ninguém jamais o definiu...

No começo, uma vez por semana, depois duas, até que ver a amada todo dia era pouco. Ai do dia em que ela não desse notícias! Fosse pequena carta, mensagem no celular. Uma linha, um leve sorriso. Mostra que existe... e o que começa com brincadeira vai se aprofundando até as bases do universo, tão primitivo que nem mesmo os deuses dele se livram.

Amor... enteado de Afrodite que jamais vem por quem escolhemos. Nasce do acaso, fruto da paixão, esta última tão descontrolada, tão sem sentido, tão assanhada, que cora a vergonha e nos aboba o espírito.

Mas nem tudo é límpido nos mares ácidos das paixões turbulentas.

Principalmente para aqueles que crêem estar acima das divindades, e que ousam crer que seus pensamentos controlam o afeto. Gentes que perdem parte de suas vidas brincando de modelar e condicionar. Para estes, o abismo jamais tem fim. A paixão tem razões que a própria razão desconhece. Por que, por quem amar?

Todavia, na atualidade estamos diante de seres humanos programáveis, qual softwares. Capazes da lógica do ilógico. Mera ilusão. Os modismos terapêuticos advindos jamais superarão a natureza sábia, nem estatística, nem neurolingüística, nem behaviorismo radical, nem piada de defunto ou camisa de força química, nada amainará um coração apaixonado, a força do instinto. Mas em nossa onipotência atual, negamos a fragilidade de nossos afetos e o escarro acima é certeiro.

Um dos maiores medos que encontro na vida, seja em consultório trabalhando, seja nas observações triviais do quotidiano, é o medo de amar. Estranho tanto desejo, vontade, apelo constante ao sexo e tanto receio. Contradição, teu nome é ser humano. Faz cabo de guerra entre o que quer e o que pensa, indo à lona toda vez por suas próprias mãos. Hipervaloriza o afeto e a introspecção e esquece-se do básico: viver. Em um mundo egoísta, resta-nos a masturbação, a solidão advinda de um fogo apagado por nossos próprios pés.

Embora o discurso social presente na atualidade seja o da caça - o desespero de ter alguém - de verdade, poucos estão prontos para os genuínos encontros de alma.

Ir a fundo no espírito assusta, e nem sempre perder a cabeça por uma paixão é agradável. Exige responsabilidade e transformação, cuidado e entrega. E quem ousa entregar - se genuinamente em um universo de senhores onipotentes? Mesmo assim, fugir da paixão é o inferno, pela covardia e remorso. É negar a possibilidade da felicidade, o nascimento do amor, o que conduz à frustração e ao desespero a médio e longo prazo.

O medo de se entregar, de sofrer, de repetir histórias mal sucedidas, temor de deixar de curtir a vida, medo de ter responsabilidades, medo de ser amado. "Já pensou? Pode dar certo... seria catastrófico". Viver feliz para sempre não é para nós, é apenas essência de contos de fada.


Nota do Editor: Jorge Lima é colunista da seção Iscas Psicológicas do site www.lucianopires.com.br, Psicólogo Clínico em abordagem humanista; Psicoterapeuta de grupos, individual, casal e família; pessoas com necessidades especiais e pacientes da saúde mental; Presidente e fundador da ONG Instituto OlhosDaAlmaSã_clínica-escola; Fundador do GRUPO DE APOIO em saúde mental (G.A.S.M.) especializado em prevenção e tratamento em saúde mental e atendimento de pessoas com necessidades especiais; Pesquisador na área de saúde mental e inclusão de deficientes; Professor universitário palestrante e conferencista; Radialista e escritor; Deficiente visual (cego) e músico.

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