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Opinião
13/02/2006 - 18h04
Munique
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

Fui ver o MUNIQUE, filme do Spilberg. Não fiquei propriamente decepcionado, fiquei chocado com o que vi. Spilberg teve na mão um material perfeito para fazer uma obra de arte, mas fez tantas concessões ao politicamente correto que conseguiu estragar tudo. Três coisas absolutamente fora de lugar: uma equipe de matadores a mando de um Estado com problemas de consciência, uma história sobre o terrorismo palestino sem citar o papel de Yasser Arafat e uma ambivalência moral absurda da narrativa, a ponto de não identificar claramente quem são os heróis e os bandidos da história.

É verdade que um esquadrão de extermínio está para além do bem e do mal, além da moral judaica. Mas não se pode perder o contexto dos fatos, pois o grupo representou o papel de carrasco e não creio que caiba a ninguém fazer julgamentos morais dessa hedionda profissão. O carrasco “é”, cumpre ordens. Alguém sempre faz o trabalho sujo, como fazem os coveiros. O ponto melhor do filme é quando mostra a primeira-ministra Golda Meir dando a grande ordem, para se fazer justiça à revelia do sistema jurídico, sumariamente. Então já se vê que o extermínio é apenas o cumprimento da decretação de pena de morte por parte de um Estado, que diferente não poderia fazer em face da ferocidade e da gratuidade dos crimes praticados pelos terroristas contra seus cidadãos inocentes e indefesos. Fosse eu primeiro-ministro faria igual.

Não se pode equiparar o papel dos israelenses vingadores com o dos terroristas que mataram atletas civis de forma covarde. Esse relativismo moral é inaceitável e é o grande erro do filme. Foram liquidar os assassinos que se vangloriavam do feito e prometiam repeti-lo, não gente inocente. O filme deveria claramente mostrar que há uma hierarquia na questão moral. Imoral seria o poder político israelense deixar barato o episódio e impunes os assassinatos covardes de seus concidadãos. Ficou em cima do muro.

Nesse contexto, as piadinhas supostamente típicas de judeus colocadas nas falas, como o pedido de recibo de quem cuidava das finanças da operação, soaram grotescas. Não tiveram graça nenhuma. Spilberg não fez algo semelhante com os palestinos. Sua licença de ser judeu não lhe confere mandato para ridicularizar quem teve a responsabilidade e a coragem de fazer o que precisava ser feito.

Poupar a figura monstruosa de Arafat no filme é desonrar a memória dos inocentes mortos. Ele foi a peça-chave na trama criminosa. Por que a omissão?

E para mim soou pouco crível que o grupo exterminador fosse composto de amadores e que as informações sobre os alvos chegassem ao mesmo tempo de forma fácil e alheia a uma estrutura profissional de inteligência militar. Inverossímil. Nem os alvos palestinos eram tão estúpidos e nem o bando improvisado de vingadores poderia ser tão eficaz deixado por sua própria conta, como quer fazer crer o diretor.

Essa trama teria que ser narrada em contornos épicos, retratando dilemas semelhantes aos contados nas tragédias gregas. Virou um filminho enfadonho. Se fosse dirigido por um palestino não seria pior sob as vistas de um ocidental. Mas parece estar na moda tomar a defesa pública de todos aqueles que empunham armas contra os que representam a civilização. Basta lembrar do tenebroso CRUZADA. Estão no mesmo patamar, fazendo propaganda da causa islâmica.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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