Por seu caráter totalitário, materialista e expansionista, bem definido desde 1848 no "Manifesto Comunista", a ideologia marxista e suas variantes (leninismo, trotskismo, gramscianismo, maoismo, guevarismo ou foquismo...) marcaram o Mundo com um conflito de natureza permanente, entre os atores políticos envolvidos numa luta sem consenso, onde um dos contendores, os comunistas e seus aliados, afirmavam e continuam afirmando estarem destinados a transformar o mundo, com base numa concepção socialista científica. Nas relações internacionais, palco de permanentes dissensões ideológicas e econômicas, os paises (atores) atuam em prol de seus interesses nacionais, fixando seus objetivos e atuando de acordo com o Poder Nacional disponível para alcançá-los, adotando estratégias e táticas para atingi-los ou mantê-los, ofensiva ou defensivamente. Caso tenham aliados atuam moldando suas ações pelo Poder que tal aliança lhes parece conferir, considerando que os atores têm, cada qual, suas peculiaridades e interesses mutáveis ao longo de suas caminhadas. Não fugiu deste cenário a luta política e econômica desencadeada, após a Revolução Socialista de 1917, entre a nascente URSS e os países que se tornassem alvo do caráter natural de sua doutrina expansionista. A luta política ideológica entre as Internacionais Socialistas e os regimes burgueses, que se desenvolvia sem unidade entre as várias correntes socialistas desde 1864 (Iª Internacional), a partir de 1919 com a IIIª Internacional contou com a formação de um centro de irradiação ideológico do comunismo, em Moscou, tendo como órgão de direção o PCUS, então chamado Partido Comunista (bolchevique) da Rússia, e como organização central de orientação ideológica marxista-leninista - a Internacional Comunista ou Comintern - que poderíamos designar como o berço da doutrina do "socialismo real". Um berço empurrado com mão de ferro, onde cada filiado estava subordinado às 21 condições para admissão e filiação. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) sucumbiu a este domínio do imperialismo "progressista" em 1922. O "socialismo real", decantado como exemplar pelos comunistas até pouco tempo atrás, é hoje termo pejorativo para a quase totalidade das esquerdas ditas "esclarecidas", as quais criticam o seu modelo de partido único, totalitário e de gestão econômica centralizada. O socialismo realmente existente, ou socialismo real foi sempre à bíblia intocável do marxismo-leninismo, até a morte de Stalin em 1953 e o discurso de Kruschev no XXº Congresso do PCUS, em 1956. Apesar do abalo suscitado pelo "conflito sino-soviético" (1956-61), o modelo de gestão econômica centralizada instituído na URSS, continuou, com poucas diferenças, a ser copiado ou adaptado no âmbito do Sistema Socialista Mundial. Mesmo após a total desintegração do Sistema, consumado com a Glasnost e a Perestroika, o modelo manteve sua aceitação nos países socialistas, com adaptações ditadas por realidades econômicas regionais e locais. Com a desintegração do MCI e a desagregação da URSS, conseqüentes da Glasnost e da Perestroika, e o fim do confronto entre o Leste e o Oeste, o que de fato se alterou foi à substituição das hipóteses de conflito baseadas na bipolaridade, por hipóteses geradas na nova situação de instável multipolaridade, com os atores internacionais procurando acomodar seus interesses e recompor suas forças, a fim de moldar seus novos objetivos aos cenários que se descortinavam. Para as esquerdas a perda das referências do Sistema Socialista Mundial e, principalmente, do Movimento Comunista Internacional, com seus centros de irradiação e coordenação ideológica, foi um impacto de peso, apesar da passagem da fase monolítica para o policentrismo ter ocorrido em um período de tempo e em fases, como veremos a seguir. O grande racha do MCI, ocorrido com o Conflito Sino - Soviético (1953/56 -1961); os cismas decorrentes da Tese do Policentrismo, de Palmiro Togliati, ampliando o conceito das várias vias para o socialismo e acelerando o fluxo do Eurocomunismo e da Teologia da Libertação; além de outros de menor monta, como o da invasão da Tcheco e Eslováquia em 1968, com a declaração da Tese da Soberania Limitada de Breznhev que a justificava; tudo isto acarretou imensas dificuldades para que os PC dos centros de irradiação (Moscou, Beijing e Havana) mantivessem, até 1985/89, o controle dos PC ou organizações subordinadas, se é que mantinham. Na realidade estas rachaduras foram todas conseqüentes da morte de Stalin e do clima da abertura sem freio que se seguiu, colocando em cheque o sistema até então monolítico do MCI e do Sistema Socialista Mundial. O imperialismo soviético deixou de existir e o Chinês perdeu seu ímpeto Terceiro Mundista, sempre mais voltado para a Ásia e a Oceania. Como muitos parecem querer, a desintegração do MCI não significou a morte das centenas de organizações que compunham a estrutura do Movimento, que permaneceram vivas e dirigidas por comunistas em suas sedes na Rússia e em outros países onde exerciam suas atividades como Organizações de Frente. A estrutura remanescente do MCI e os militantes que lá atuavam, constituíam inicialmente um enorme e aparentemente desconexo aparato incentivador de conflitos, persistente em seus anseios de impulsionar os movimentos revolucionários. Na América Latina são exemplos frisantes a OSPAAAL (Tricontinental), a OCLAE (Organização Continental Latino Americana de Estudantes), e o Centro de Investigaciones Memoria Popular Latinoamericana (MEPLA), todos com sede em Havana e em atividade permanente. O aparato manteve seu inimigo principal, os temas de propaganda e desinformação de há muito montados. Castro ocupou, com novos coadjuvantes o centro da cena, ainda que haja outros vilões nesta tragicomédia de novas roupagens - que o digam os antigos nomes do KGB que aparecem em entrevistas esclarecedoras. O grande vilão do esfacelamento do MCI, da desintegração da URSS, da perda do ímpeto de atuação da China Popular, no Terceiro Mundo, foi e é os Estados Unidos, alvo principal das esquerdas e das forças políticas que se opunham e se opõe aos americanos. Por sinal uma tradição simplista que vem na esteira da história dos imperialismos de antanho, onde os dependentes e os que assim se julgam, muitas vezes, colocam suas mazelas e incapacidades em forças ditas hegemônicas no cenário mundial. Há algum tempo a bola da vez está com os gringos, que se lasquem se já foram nossos aliados... Viva os xenófobos, combatem guerras hipotéticas e deixam o pesado para os que garantiram seu bem bom... No entanto, agora e sempre, há espaço de ação política contra os imperialismos supostos ou reais, pois há dissensões latentes no mundo desenvolvido que podem ser trabalhadas com engenho e arte, como existem dissensões naquele mundo no qual sempre querem nos colocar - o dos subdesenvolvidos. Fomos 8º e agora governados pelos antiimperialistas estamos em 18º (só!), talvez para poder arrotar nosso fictício colonialismo e dar boas vindas ao "movimento de libertação nacional", em elaboração no bojo da ideologia corruptora do petismo lulista. Ora, afirmar que os EUA poderão atuar contra o nosso em razão de ter atuado contra um seu aliado em passado recente (Iraque), esquecendo aspectos conjunturais e razões regionais, institucionais e estruturais muito diferentes, com base em hipóteses afiançadas por adversários da política externa do nosso hipotético, ainda que possível agressor, é raciocínio no mínimo capenga, para não levantar premissa mais contundente. Ainda mais falho quando no passado fatos comprovaram de forma cabal que a manobra foi tentada de forma quase idêntica e com os mesmos argumentos, que inundam as páginas da Hora do Povo e são insuflados por antigas e novas siglas partidárias da esquerda revolucionária, deste nosso país de nativistas marcados ainda pela síndrome do imperialismo lusitano, inglês, agora acompanhadas pelo odor que exala de suas ações e atitude imorais ao se aliarem a podridão da coligação do Governo do Exmo. Sr. Apedeuta. A globalização, termo aparecido do arraial da esquerda, e o neoliberalismo puxado do baú dos intelectuais orgânicos sacodem a estrutura da nossa sociedade política e incentivam a nossa sociedade civil, organizada em ONGs mil, a dar ares de verdade ao relinchar de pessoas como o vivaz escritor Luiz Alberto Vianna Moniz Bandeira, que entre 2001 e 2003 soube, por fonte limpíssima, que 2.100 marines estiveram na Amazônia Brasileira. Seus aliados, donos de excelentes fontes de informações, até difundiram uma notícia na Internet sobre um curso só para gente do South Command, no CIGS, com fotografias montadas e tudo mais... Até o Cmt do CIGS aparece... O curso era um que funciona no CIGS para oficiais estrangeiros e, por sinal, neste curso pelo que se soube o oficial americano pagou mico... Sou brasileiro, e se por acaso português, francês, inglês, americano, internacionalistas e seus eventuais aliados, ou lá quem seja tentar aviltar a soberania de meu país, não serei omisso como são os que deixaram nossos combatentes dos anos de luta de 1966 a 1979, a mercê de revanchistas e covardes, sem um protesto sequer até os dias atuais. Nunca, que se saiba, algum militante, simpatizante ou burguês-nacionalista, aliado natural dos PC nacionais na revolução democrático-burguesa, designada no modelo gramsciano de "guerra de posição", acusou aos militantes do PCB, do PC do B, do MR 8, do PSTU, do P-Sol, e do PT de entreguista, por estarem ligados a organismos de direção revolucionária transnacionais, ou outros sediados no Brasil, mas com vínculos com estrangeiros. Que nacionalismo é este? Nota do Editor: José Luis Sávio Costa é Cel Ref do Exército Brasileiro, dedicou-se às áreas de: Segurança Nacional e Segurança Interna; Inteligência, Contra Inteligência e Operações de Inteligência; Subversão e Contra-subversão.
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