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SEÇÃO
Crônicas
14/02/2006 - 17h08
Adeus, e obrigado por nada
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

O sonho da minha vida era mudar o Brasil. O sonho da minha filha é se mudar DO Brasil. Tá todo mundo indo embora. Começou assim, sem a gente perceber. Os filhos das melhores famílias começaram a passar uns meses no exterior, naqueles intercâmbios, sabe? Ia um brasileiro pra lá, e vinha um estrangeiro pra cá. E o que aconteceu é que os estrangeiros que vinham pra cá começavam a contar para nossos filhos as coisas inacreditáveis que tinha lá, nos países deles. Que, na Alemanha, o cara, se não arrumasse um emprego, ganhava não sei quanto por mês, assim mesmo, sem trabalhar. Que, na Austrália, tem emprego pra todo mundo e que com uns poucos dólares dá pra comprar não sei quantos mil alqueires de terra.

E depois os brasileiros que tinham ido pra lá, pro exterior, voltavam contando as maravilhas tecnológicas do Japão, que tem robô atendendo a gente nas lojas e que todo mundo tem celular com câmera digital. Que, no interior da Inglaterra, as casas não têm muros, nem cercas, nem nada, e que os carros ficam ali mesmo, estacionados na calçada. E que, nos Estados Unidos, um simples lavador de pratos, que era o emprego que os brasileiros conseguiam por lá, ganhava quase a mesma coisa que um médico no Brasil, veja você, quase tanto quanto um médico!

Aí os nossos filhos começaram a ir embora. A toda hora a gente fica sabendo de um que já foi. O filho de um amigo que se casou com uma japonesa e se mudou para o Japão. O sobrinho do outro que foi embora para Londres como estudante, mas que nunca mais voltou. A filha de uma vizinha que se casou com um espanhol numa espécie de castelo medieval, a fotografia saiu até no jornal. A filha de um amigo que se tornou modelo lá no México e foi até capa de revista. A minha filha mesmo, outro dia desses, estava perguntando se a minha avó era mesmo italiana, porque se ela fosse MESMO italiana dava pra gente conseguir cidadania pra qualquer lugar da Europa, com esse negócio aí da União Européia.

Sei que vai chegar o dia em que os deputados e os senadores e os juízes do Tribunal Superior Federal vão sair de Brasília na quinta-feira para passar o seu final de semana prolongado e quando descerem nos aeroportos só vão encontrar um recado, escrito às pressas num pedaço de guardanapo:

O ÚLTIMO QUE SAIR, APAGUE AS LUZES.

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