Olhem os diferentes como diferentes iguais, Vejam, a diversidade se completa. Observem como se vencem as trincheiras. Mirem, os artífices do humor-ocasião, Revejam como pintam opinião, servos de si, seduzidos pelo poder que se concedem. Nova corte de ódio se instaurou. E o deus Mídia, quarto poder, os enganou. O poder da globalização e da "informacionalização" estende seus tentáculos pelas redes religiosas midiáticas. São tantos os poderes institucionalizados que o homem comum já não entende se deve acatá-los ou não. Sem nada saber disso dois amigos se encontram. "Religião, política e futebol não se discute", diz o homem modesto que compra jornal para procurar um emprego que o permita sobreviver. Ouviu isso em algum lugar e, como não é homem de briga, fez do ditado popular seu manual de conduta. Com grande espanto também não entende por que se matam os homens para defender suas crenças. "Ainda se fosse pelo seu timão, valeria a pena", pensou alto. Era tarde. Coisas não havia no jornal que lhe interessassem: muita política e notícias de economia. Nada a ver com ele e não as conseguia interpretar. Parou na porta de um bar. Um dos velhos camaradas olhou-o com raiva e o insultou. "Não faz sentido", pensou. O amigo torcia pro timão, pescavam juntos; os filhos, também amigos... Aproximou-se. Batendo nas costas do amigo, perguntou: - Algum problema, José? E José o viu diferente. "Não é seu filho que casou com a moça de uma religião esquisita?". "É sim e daí?" respondeu. Entendendo menos ainda, complementou: "Minha nora é uma moça boa e...". "Não é isso que deu no jornal. Não é isso que vi na TV...", gritou o outro, partindo pra briga. E assim, o prudente homem modesto começou a discutir. Afinal, não era de futebol, nem de política, mas da honra da mulher que seu filho escolhera... Ele nada sabia daquela religião de sua nora... E se viu fanático defensor, e se viu na calçada. E se viu só. *** Uma história como outra qualquer. Um enredo simples, batido. Moral da história?
"Liberdade (de expressão, em todas as acepções, sim. Doa a quem doer); Igualdade com os iguais, e Fraternidade com os nossos". Nota do Editor: Iracema Torquato é professora.
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