· Batuque de baterias e ensaios de escolas produzem sons de até 120 decibéis, superando nível permissível ao ouvido humano. · Uso de protetor auricular é uma recomendação tanto para freqüentadores de blocos como para músicos. · Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição sonora é a terceira maior no meio ambiente, perdendo apenas para a da água e do ar. O Carnaval vai chegando e os blocos, escolas de samba e trios elétricos já ensaiam seus primeiros passos. Mas toda a animação requer cuidado. O batuque das baterias, o volume das caixas de som e os ensaios em quadras fechadas podem trazer problemas a audição, provocando sensações de surdez e zumbidos no dia seguinte à folia. Segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial (ABORL-CCF), a aparelhagem utilizada atualmente no Carnaval chega a atingir intensidades sonoras de mais de 120 decibéis (dB), superando o nível máximo tolerável de intensidade do som, sem causar danos ao ouvido, que é de 80 dBs. O zumbido é um sintoma contínuo que sentimos depois de freqüentar locais com som muito alto. Esse ruído desagradável ocorre durante a permanência por mais de 8 horas ouvindo sons de 85 dBs, sem proteção adequada. Esse tempo cai para 4 horas em lugares com 90 decibéis, 2 horas com 95 e 1 hora com 100 dBs. O Centro Auditivo Telex realizou medições do nível de intensidade do som em blocos carnavalescos e todos os registros foram considerados acima do permitido: Bloco Rio Carioca Rua: Ipiranga - Laranjeiras. Picos de: 107 dB ao lado da Bateria. 90 dB ao lado dos Prédios. Bloco Imprensa que eu Gamo Rua: Gago Coutinho - Laranjeiras. Picos de: 135 dB na Bateria. 120 dB ao lado da Bateria. 105 dB ao lado dos Prédios. Banda de Ipanema Rua Visconde de Pirajá esquina com Joana Angélica - Ipanema. Picos de: 115 dB ao lado da Bateria. 105 dB ao lado dos Prédios Para não ficar de fora da festa, a idéia é prevenir e proteger os ouvidos. A fonoaudióloga do Centro Auditivo Telex (www.telex.com.br), Cileide Olbrich, indica aos músicos ou freqüentadores de bailes e ensaios de Carnaval o uso de protetores auriculares, que diminuem o impacto do som nos ouvidos. O protetor para músicos, por exemplo, conta com um pequeno filtro adicional atenuante e, ao mesmo tempo, possibilita ouvir toda uma banda confortavelmente: - O uso do protetor auricular serve como um bloqueio. Ele pode ser utilizado dentro das quadras ou bailes, permitindo que se escute a música em um volume aceitável - afirma Cileide, complementando que o ideal é procurar um otorrinolaringologista, caso a sensação de surdez continue. - Se a surdez se instalar definitivamente, o tratamento com medicamentos não terá mais efeito, sendo necessário então a adaptação de um aparelho auditivo para corrigir a perda auditiva - finaliza a fonoaudióloga. Monobloco Celso Alvim, 40 anos, músico percussionista da banda Pedro Luis e a Parede e maestro do Monobloco (www.monobloco.com.br), afirma que usa o protetor para músicos há 2 anos, com receio de que possa adquirir problemas auditivos posteriormente. - Depois de perceber zumbidos no ouvido, resolvi ir a um centro auditivo para fazer protetores moldados, isto é, de acordo com as medidas do meu ouvido. Passei também a indicar aos batuqueiros do Monobloco o uso de protetores - conta Celso. O Monobloco toca no Carnaval do Rio de Janeiro desde 2001 e tem uma formação de bateria de escola de samba, misturando vários ritmos, tais como o funk, ciranda, quadrilha e marchinhas de Carnaval. Poluição sonora urbana A poluição sonora é um problema enfrentado por quem mora em um centro urbano. A exposição prolongada a ruídos excessivos pode trazer problemas de saúde graves, tais como insônia, distúrbios cardiovasculares, irritabilidade, perdas de concentração e stress. Em um bairro residencial, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o índice máximo de ruído aceitável é de 55 decibéis (dB), durante o dia, e de 50 dB, à noite. No Rio de Janeiro, 60% das reclamações recebidas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente são relacionadas com essas agressões. O Centro Auditivo Telex realizou medições de som em esquinas barulhentas, tais como a das Ruas Figueiredo de Magalhães e Nossa Senhora de Copacabana. Os níveis chegaram a quase 100 dBs no horário do "rush". Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a poluição sonora é a terceira maior no meio ambiente, perdendo apenas para a da água e do ar. A mesma organização afirma que a perda de audição ronda cerca de 15 milhões de brasileiros. Nos EUA, estima-se que, considerando todos os tipos de deficiência auditiva, cerca de 28 milhões de americanos tem dificuldade para ouvir. O problema está presente em cerca de 17 em cada 1 mil crianças até os 18 anos de idade; em 314 em cada 1 mil pessoas acima de 65 anos e de 50% das pessoas acima de 75 anos.
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