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Opinião
21/02/2006 - 17h08
Sofismas e outras tapeações
Percival Puggina - Parlata
 

Há quase vinte anos participo regularmente de programas de rádio, TV e debates em que o confronto político constitui a pauta. No ano passado, fiz apontamentos pensando escrever sobre isso. Acabei de totalizar os eventos a que compareci. Foram 52, sempre com adversários alinhados no lado esquerdo do leque ideológico. A longa e farta experiência, portanto, me permite produzir este sumário das mais freqüentes artimanhas que tenho observado. Nunca debati com quem que não fizesse uso de alguma delas. Nem todas são desonestas. Outras, definitivamente, o são.

A mentira é a pior. É muito difícil refutá-las em pleno debate porque raramente se dispõe dos elementos de prova e do tempo necessário para o cabal esclarecimento. Mentir é rápido, desmentir demora. Como o mentiroso mente várias vezes, resulta quase impossível desmontar tudo, sempre. Por isso, se for para um confronto assim, esteja sempre preparado para enfrentar os maus tratos à verdade. Dados e evidências são os instrumentos que permitirão chamar o mentiroso de mentiroso sem risco de parecer grosseiro.

Outro ardil é a desqualificação moral do interlocutor para reduzir sua credibilidade. Ao tempo em que o PT ostentava o manto das virgens de Vesta, era rara a ocasião em que isso não acontecia. O adversário, só por não ser de esquerda, já era tratado como suspeito das piores intenções e ações. O Dr. João Gilberto Lucas Coelho, em recente artigo, se referiu a isso a propósito de uma declaração na qual Lula afirmou esperar que no futuro lhe peçam desculpas pelo que falam dele. João Gilberto advertiu, com sabedoria, que o presidente vai entrar na ponta de extensa fila onde estão todos os injuriados pelo PT e seus aliados ao longo de duas décadas.

Também é comum atribuírem ao interlocutor algo que não foi dito e combater isso como se estivesse sendo contestado o que de fato ele afirmou. Olavo de Carvalho descreve tal situação dizendo que o sujeito "pega uma frase, uma palavra, uma vírgula que o impressionou por motivos inteiramente subjetivos, atribui a ela o sentido que bem entende e lhe opõe, não raro com eloqüência feroz, respostas que vão parar longe da discussão inicial".

Uma outra artimanha bem recorrente assume várias formas. Ante a impossibilidade de argumentar, o debatedor esquerdista apela para alguma circunstância do debate e extrai dali um adjetivo que aplica ao adversário. A verdade não muda de lado, mas a opinião pública é sensível a essas coisas. Assim, por exemplo, perante o mais tênue sinal de exaltação, o sujeito chama o interlocutor de "raivoso" (como se a esquerda fosse dada a doçuras e amabilidades...). Ora, a raiva é a mais improvável causa da exaltação. Ela pode ocorrer por entusiasmo com a tese ou com os argumentos, pode se dar por indignação com algo que tenha sido dito, pode se constituir numa forma de cortar uma interrupção, mas basta ocorrer a exaltação para que o sujeito, imediatamente, apele ao recurso e chame o adversário de raivoso. Em recente debate, o secretário Luiz Roberto Ponte desmontou um de seus interlocutores com verdadeira saraivada de dados. Eles tornaram evidente que o sujeito sabia coisa alguma daquilo que estava sendo tratado. Um verdadeiro nocaute técnico. Jogado às cordas de seu despreparo, a vítima apelou para o velho ardil e chamou o secretário de "presunçoso". E tem muito mais, mas falta espaço.


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto e da Presidente Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. Conferencista muito solicitado, profere dezenas de palestras por ano em todo o país sobre temas sociais, políticos e religiosos. Escreve semanalmente artigos de opinião para mais de uma centena de jornais do Rio Grande do Sul.

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