A produção de energia é o nó górdio. Sem desatá-lo, teremos em breve, problemas de difícil solução. Os indícios são alarmantes, a temperatura global está aumentando e as conseqüências desse aumento são perceptíveis nas condições de vida de todos os habitantes do planeta. O impacto das alterações climáticas é sensível. No último verão europeu houve muitas mortes, a população da Europa aprendeu ao longo do tempo como se defender do frio, no entanto foi pega de surpresa pelo calor. Usando figura de linguagem pode-se dizer que o último verão parisiense apresentou calor senegalesco. Como equacionar o problema? A maior parte da energia que move o planeta é obtida pela queima de combustíveis fósseis, ou de madeira plantada especialmente para esse fim. As florestas naturais já foram quase que totalmente devastadas, o que resta delas desaparece de forma crescente, mostrando o descaso dos governos para as questões ambientais de grande monta. Mesmo que haja a preocupação com o problema, a implementação de medidas capazes de surtir resultados mensuráveis é lenta e dispendiosa. Os gases lançados na atmosfera produzem efeito estufa, aprisionam o calor nas proximidades da superfície terrestre provocando com isso alterações climáticas, como o degelo de parte das calotas polares e estações indefinidas e fora de época em todo o mundo. Enquanto queimamos carbono, o movimento convectivo das massas de ar da atmosfera desperdiça quantidades de energia várias vezes superiores às atuais necessidades. A energia das marés também não é aproveitada. Nossa tecnologia não alcançou o refinamento necessário para tirar proveito dessas fontes inesgotáveis. Buscamos a fusão a frio e a supercondutividade, avançamos um pouco em relação à última, entretanto ainda estamos longe de resultados satisfatórios. A energia nuclear é limpa, porém os acidentes, embora raros, são devastadores. Chernobil é um exemplo. Dizer que é possível torná-la totalmente segura é uma temeridade. Acidentes acabam ocorrendo, não existe artefato humano que seja totalmente imune a eles. Mesmo que o homem construísse uma usina nuclear à prova de erros, haveria o risco de acidentes naturais como terremotos, furacões e outros eventos imponderáveis. Apesar dessa possibilidade trágica, a energia nuclear acaba sendo menos perigosa do que a contínua emissão de gases tóxicos na atmosfera. É o que podemos chamar de escolha desagradável. Se continuar do jeito que está vamos criar uma situação insustentável para a vida no planeta. A alternativa nuclear é perigosa, embora não tanto como a queima contínua dos fósseis. Ou morremos de calor ou de câncer, embora de cada três adultos vivos, um morrerá de câncer, é inevitável, ainda não temos o controle sobre esse mal. A Física está esperando um novo Faraday ou quem sabe outro Newton, precisamos superar o impasse energético com urgência, senão correremos o risco da auto-extinção. A questão ambiental é a mais importante e significativa dos nossos dias, sendo a produção de energia o maior problema da humanidade. Sem energia não vivemos e por causa dela poderemos deixar de existir.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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