Tudo bateu duma sentada só. Final de horário de verão, Stones no Rio, um calor daqueles em BH, sogra doente e eu preso a um teclado de entrada de terminal. Será que foi para eu ficar desse jeito que eu participo de uma revolução tecnológica desde seu começo? E, por causa disso tudo eu vou perder meus dias de carnaval? Sábado é sempre um dia que eu gosto e é assim desde o início de meus tempos. E a coisa pelo sábado surgiu assim, imemorialmente e costumeira. Apesar de todas as sacanagens que fieiras de plantões em redações diversas fizeram com meus sábados, eu sempre resisti bravamente e vivi legal meus dias especiais. Liberdade no sábado nunca foi tardia. Ainda mais quando, além de estar de folga, não tinha nenhum compromisso a não ser dar uma jiboiada daquelas depois de um Porção da vida ou uma feijoada / quibe / salmão / lasanha / estrogonofe de mamãe, não necessariamente nessa ordem e, também não necessariamente, tudo de uma sentada só (gostei da expressão, hehe!). Nunca caí na esbórnia. Vou para casa e fim de papo. Não a quem me tire de um bom livro. Já o domingo para mim sempre foi que nem letra de Morrisey - “todo dia é domingo / todo dia é escuro, cinza e triste / depois que tu partiste” (Everyday is Like Sunday). Nunca vi graça num domingo, já que, querendo ou não, ele sempre me lembrou a segunda-feira, dia que, em alguns trechos da minha estrada, era preferível esquecer da existência dele no calendário. E já há umas quatro décadas que o final de semana não muda a pavimentação ou a direção da estrada pela qual eu venho seguindo, nesse Fiat 147 que é meu corpo hoje em dia. Até o final do horário de verão está repetitivo. E olha que eu tinha me acostumado direitinho com ele nessa sua temporada. Só notei algo diferente. Minha capacidade de suar e me deixar mais lambuzado que criança depois de picolé aumentou bem. E só para me bagunçar, teve dois dias que o prédio em que moro ficou sem água. Tive que, completamente constrangido, tomar banho em sauna. Um deles foi sexta-feira, 31 graus em BH. Como sempre acontece, nessa terça-feira vai aparecer à crônica de alguém, dizendo como é que está sendo boa a volta do horário padrão. Outra certeza também deverá ser a de que a apresentação carioca da maior banda de rock que já existiu foi à última dos 45 anos de sua existência atribulada. It´s Only Rock and Roll But I Like It! Nota do Editor: Luiz Sergio Lindenberg Nacinovic é jornalista.
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