E daí que a pesquisa do Datafolha publicada hoje dê a vitória eleitoral a Lula? O que muda de substantivo para o Brasil? E para mim? Na prática, o que se vê é que os revolucionários de ontem tornaram-se os quadrilheiros de hoje e, a cada dia que passa, vivendo no fausto de seus rendimentos espúrios, os desqualificados que tomaram o poder mostram mais e mais a sua face conservadora. Os lucros recordistas dos bancos não deixam sombras de dúvida quanto a isso. Onde estão os que pediam auditoria na dívida pública? Não no Palácio do Planalto. Querem manter a fonte de suas benesses - a elevada carga tributária - e exercer seu maléfico poder, regulamentando a vida privada á exaustão, mas enquanto revolucionários são um fracasso, uns vigaristas. Não têm coragem de agir conforme as duas crenças e suas pregações. A disputa interna pela legenda do PSDB, por seu turno, é ainda mais entediante. Serra, se tiver a mínima convicção de que pode ganhar o pleito - e é esse o único ponto que lhe segura os escrúpulos, a sua dúvida de pode ganhar - deverá atropelar o governador Alckmin com o apoio da cúpula partidária. Serra é o queridinho de FHC. Ele rasgaria o compromisso de não sair da prefeitura feito solenemente aos eleitores paulistanos sem olhar para trás. Serra une em si o pior do voluntarismo esquerdista do PT com uma grande capacidade de trabalho e notável competência para gerir o Estado na direção do coletivismo. Nesse sentido, politicamente é muito mais nefasto para os que trabalham e pagam impostos extorsivos do que o PT de Lula. É uma grande ameaça. A última dele é que mandou recadastrar as empresas dedicadas ao comércio na Capital, como se a prefeitura tivesse algum interesse específico nisso, a não ser dar dor de cabeça para os empresários. É competência do Estado tributar esse ramo de atividade, não da prefeitura. Seu viés antiempresarial é notório, seu ativismo tributarista uma praga insaciável. Já Alckmin tenta não ser fritado pelas lideranças do próprio partido e também tenta fazer valer o poder inerente a quem ocupa o Palácio dos Bandeirantes. Gosto do governador. Até a sua maneira de enfrentar a disputa intestina é elegante e limpa. Mesmo quando endurece não perde a compostura. Um perfil desses governando o Brasil, misturando sensatez, seriedade, equilíbrio e uma visão favorável à iniciativa privada seria o respiro que os brasileiros precisariam depois de largos anos de coletivização forçada e de extorsão tributária crescente, de FHC a Lula. Torço por ele e no que depender de mim seria o eleito. Pesquisas são fotografias de momento. Lula está nadando sozinho em águas plácidas. Não tem adversário conhecido e as estatísticas apenas confirmam que a disputa real ainda não começou. Seu governo não resistirá ao bombardeio que será feito com o material das CPIs e dos diferentes escândalos que têm marcado seu tempo de governo. Não está eleito por antecipação. Dois meses de propaganda maciça e o cenário será transformado. Precisamos aguardar os acontecimentos. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL - Associação Nacional de Livrarias.
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