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SEÇÃO
Crônicas
01/03/2006 - 17h15
Idealizar ou demonizar o outro
João Soares Neto - Agência Carta Maior
 

Um dia, por um motivo qualquer, perdemos a confiança em alguém. A relação, que havia sido construída, acaba. E o pior é que nós ficamos ruminando, pensando, procurando descobrir as razões. Nessas horas, sempre idealizamos ou demonizamos o outro. Até o instante da perda da relação, o outro faz parte do nós, pois o nós depende de, pelo menos, duas pessoas. Assim, parece ser na vida familiar, afetiva, profissional, social e até nos sonhos políticos e de grandeza que sempre mantemos acessos para o nosso País em cada eleição.

De dois em dois anos, quer queiramos ou não, somos obrigados a estabelecer uma relação lógica e lúcida com candidatos, mas somos afetivos. Temos que escolher, fazer um juízo de valor, mas, quase sempre, optamos por gostar mais de um do que dos outros. Por isso, o escolhemos. E como o brasileiro é passional, embora não vigie e nem cuide, imagina que tem um vínculo com o seu candidato. E o mais sério, cada um imagina que o seu candidato também tem um vínculo com ele. Basta uma frase bem dita na televisão, uma idéia salvadora, um gesto forte, a mensagem de que tudo será diferente e o vínculo está atado. Ele é o nosso candidato-herói e pensamos que vai fazer lá o que nós gostaríamos. Para nossa alegria, ele vai eleito. E aí torcemos para que tudo dê certo e as promessas sejam cumpridas.

O tempo passa. Um dia, por outro motivo qualquer, perdemos a confiança na pessoa que foi eleita. Mas, para isso acontecer, durou um tempo anterior de desconfiança. Primeiro foram os hábitos que mudaram. Depois, as companhias. Enfim, o comportamento. E aí o desengano, como se ele deixasse de fazer parte do nós afetivo que, unilateralmente, criamos. Pois o brasileiro não é apenas eleitor, é uma espécie de avalista afetivo do seu candidato. É claro que estou falando do eleitor que se imagina esclarecido, do que se acredita politizado, do que sempre faz planos para o futuro.

Como os nossos políticos gostam de falar de improviso, isso nos leva ao filósofo Thomas Hobbes, em seu famoso Leviatã, escrito em 1651, há 454 anos, e que pretendia ser matéria, forma e poder de um estado (eclesiástico e) civil. Pois Hobbes, talvez aliando política e negócio, diz na página 256 do seu Leviatã: “Em qualquer negócio, por mais capazes que sejam os conselheiros, o benefício do seu conselho é maior quando o dão a qualquer pessoa sua opinião juntamente com as razões dela, do que quando fazem por meio de um discurso numa assembléia. É tanto maior quando pensaram antes o que vão dizer do que quando fazem de improviso. Porque em ambos os casos tiveram mais tempo para examinar as conseqüências da ação e estão menos sujeitos a cair em contradição, devido à inveja, à emulação ou a outras paixões que surgem da diversidade de opiniões”.

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