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Opinião
01/03/2006 - 18h43
O certo é certo e o errado é errado!
Ubiratan Iorio - Parlata
 

Desde que a Lógica e a Epistemologia existem como ciências do raciocínio e do conhecimento, sabe-se que eventos contrários admitem meios termos e que eventos contraditórios não os comportam. Assim, por exemplo, entre dois acontecimentos contrários, como o quente e o frio, existe o morno, mas, entre chover ou não chover, ou entre virtude e vício, não há algo como "meia-chuva", nem como "meia virtude" ou "meio vício". Com isto, chamo a atenção para algo que vem sendo deliberadamente ignorado, como conseqüência da dialética de Hegel e do relativismo moral emanado de Nietzsche, Sorel, Bergson, Keynes, Marcuse, Sartre e diversos outros representantes do marxismo, do existencialismo, do niilismo e de várias derivantes e cruzamentos: clamo para que se dê atenção ao fato, logicamente irrefutável, de que todas as ações humanas, sob a perspectiva da ética e da moral, ou são certas ou erradas, não cabendo lugar para coisas como "meio certas" ou "meio erradas".

Vivemos uma crise de valores morais cuja pedra angular é o aviltamento do espírito crítico resultante do conflito entre a inteligência que estabelece a ordem do conhecimento e a existência, o que conduz a duas negações, a dos princípios intelectuais e a da verdade. Em suma, à negação tanto da razão quanto da fé. Conhecimento não é só um progresso técnico-científico não subordinado a princípios morais superiores e insubstituíveis, o que o faz submeter-se ao poder político e o transforma em mera prestidigitação ideológica, em que os valores superiores são substituídos por inferiores, apodrecendo a cultura e, portanto, a sociedade.

Não é outra a causa da diátese de costumes que consome o mundo e o Brasil, em que a superficialidade, a futilidade, a imaturidade e a mediocridade regem progressivamente e de forma generalizada os costumes, os comportamentos, as ações e os gostos, levando a um aparente paradoxo, em que a acumulação vertiginosa do estoque de conhecimento técnico ocorre ao mesmo tempo em que uma assustadora escassez de sabedoria, de virtude e de critério para avaliar esse conhecimento.

Não é de se estranhar, portanto, que músicas de péssima qualidade, como esses raps da vida, façam tanto sucesso entre jovens ricos e pobres; que muitas moças, para ganharem fama e dinheiro, aproximem-se de homens famosos, como jogadores de futebol e cantores, algumas até deles engravidando, para "garantir" o seu futuro; que esse comportamento errado, porque desprovido de amor - e Deus é Amor! - lhes renda até programas em horário nobre na TV; que políticos acusados de falcatruas como a do "mensalão", ou mesmo de serem os mentores desse triste episódio, não apenas deixem de ser punidos com rigor pela lei, como continuem a ter espaço nos grandes meios de comunicação e pagos a peso de ouro; que aquele árbitro de futebol que confessou ter atuado de forma a obter certos resultados "desejáveis" permaneça impune, tendo a quadrilha que o levou a tais atos errados lesado milhões de pagantes do pay per view e os que compareceram aos estádios; que figuras execráveis que denominarei aqui de severinos - posto que há mais delas nas assembléias estaduais, municipais e no Congresso do que nossa vã informação consegue perscrutar - tenham tudo para serem reeleitas; que magistrados atuem politicamente, em favor desse ou daquele partido ou dessa ou daquela ideologia e fique tudo como está debaixo do sol. Não é de estranhar, também, que muitos tidos como intelectuais atribuam a violência intolerável que atinge nossas grandes cidades a um ente abstrato, a "sociedade" (capitalista, naturalmente), retirando a culpa dos verdadeiros culpados - que são, em alto e bom som, os bandidos, gente! - e tentando lançá-la sobre nós, transformando com seu ilusionismo dialético carrascos em vítimas e vice-versa; que professoras universitárias pronunciem palavrões de fazer corar estátuas sem a menor cerimônia, em pleno elevador de uma universidade; que juízes aceitem este absurdo que é o direito relativo; que ditos "teólogos" rezem para a "Mãe Terra" e não para a Mãe de Deus...

As pessoas de bem precisam dar um basta ao relativismo moral, antes que ele envenene completamente o organismo social. Como diria São Paulo, o certame é difícil, mas o combate é bom!


Nota do Editor: Ubiratan Iorio é doutor em Economia pela EPGE/FGV. É Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ e Vice-Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (CIEEP), Professor Adjunto do Departamento de Análise Econômica da FCE/UERJ, do Mestrado do IBMEC, Fundação Getulio Vargas e da PUC/RJ. É escritor com dezenas de artigos publicados em jornais e revistas.

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