Aumento brutal no número de cirurgias minimamente invasivas para tratar hiperidrose revela descontentamento dos pacientes
Suar é uma função natural do corpo para regular a temperatura interna. Mas suar em excesso é um problema que atinge 1% da população (*). Neste caso, os nervos são superestimulados e obrigam o corpo a suar bem mais do que o normal para manter sua temperatura. Conclusão: crianças com dificuldades em fixar um simples lápis na mão, adolescentes que encharcam o tênis, adultos que mancham em "rodelas" as camisas sociais ou ainda que ficam constrangidos com um aperto de mão. "O pior da hiperidrose é que essa disfunção bloqueia a transmissão de afeto. Desde pequenos, seus portadores passam a evitar contatos físicos - o que acaba comprometendo muitos relacionamentos", diz o cirurgião torácico Miguel Tedde, do Hospital Paulistano (SP). De acordo com Tedde, na medida em que a via de acesso aos gânglios torácicos foi reduzida, houve um verdadeiro "boom" na busca pela cirurgia. "A própria pressão que os jovens exercem sobre seus pais está sendo fator preponderante para o aumento dos procedimentos. Por se tratar de uma cirurgia minimamente invasiva e que pode acabar com um problema que judia e desestabiliza o paciente, o aumento da ’simpatectomia torácica por videotoracoscopia’ (esse é o nome da cirurgia) tem se mostrado brutal". O especialista realiza em média dez cirurgias ao mês para tratar hiperidrose. "O único problema é a sudorese compensatória", diz. Como é um procedimento diretamente relacionado ao sistema nervoso vegetativo, a ciência ainda tem muito a investigar - o que gera pequenas diferenças de conduta. "Há cirurgiões que costumam submeter à ablação os gânglios torácicos T2, T3 e T4, abrangendo uma área maior e correndo o risco de aumentar as chances de o paciente passar a suar mais nas costas, nas pernas ou no abdome. Mas há uma corrente que opta por ’preservar’ mais o paciente, promovendo a resseção apenas do gânglio T3, por exemplo", afirma o cirurgião. Pacientes que já foram submetidos a cirurgias na região do tórax ou mesmo que apresentam doenças pulmonares significativas podem ser desaconselhados a passar pela simpatectomia torácica por videotoracoscopia. "O procedimento é simples, mas delicado. Há que se isolar um pulmão, localizar o gânglio e realizar a ablação. Depois, fazer o mesmo do outro lado. Apesar de levar ao todo cerca de 20 minutos, é imperativo que haja acompanhamento radiológico antes, durante e depois, a fim de garantir a integridade pulmonar", diz o doutor Miguel Tedde. (*) http://sympathectomy.info
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