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Opinião
02/03/2006 - 05h22
Os "carismáticos" latino-americanos
Maria Lucia Victor Barbosa
 

Começam a aumentar as críticas ao PSDB. Isso porque, no melhor estilo tucano os cardeais do partido têm travado a escolha de seu candidato, criando assim condições propícias para que o presidente da República que usa e abusa da máquina estatal, se escora em intensa propaganda, utiliza de forma intensiva a televisão acelere sua campanha rumo à reeleição. Aliás, segundo o próprio Luiz Inácio, "um homem público faz campanha da hora que acorda à hora em que dorme, 365 dias por ano". Pelo menos dessa vez Sua Excelência foi sincero e admitiu que nunca governou, mas que apenas faz campanha.

Naturalmente a atitude do PSDB leva a várias especulações. Alguns dizem que os tucanos querem ajudar Luiz Inácio, o que sempre fizeram como "oposição responsável", e responsável até demais, pois não pediram seu impeachment na hora certa. Outros apelam para o reino do fantástico e calculam que o PSDB lançará outro nome que não os de Serra ou Alckmin. Em todo caso, a grande novidade que ora se apresenta entre os tucanos é Geraldo Alckmin e por um motivo bem simples: ele possui firmeza de propósitos em vez de ficar em cima do muro.

Significativamente o governador paulista vem sofrendo os maiores ataques entre os possíveis opositores de Luiz Inácio. Isso indica que o PT receia que a partir de agosto, quando começa de fato a campanha se estabeleça o contraste entre aquele (se ele for o escolhido do PSDB) e seu eterno candidato. Alckmin é sóbrio, objetivo, fala bem e em português correto, tem realizações a apresentar que confirmam sua competência e nada o desabona moralmente. E se é impossível prever com certeza o que vai acontecer em outubro (mesmo que com base em recentes pesquisas alguns já dêem Luiz Inácio como reeleito), certamente o povo não será insensível a diferença entre o discurso articulado e inteligente de Geraldo Alckmin e a algaravia populista de Sua Excelência Luiz Inácio.

Dirão, contudo, os defensores do presidente da República, que enquanto o petista esbanja carisma, Alckmin não possui tal dom para vencê-lo. Mas convenhamos que essa argumentação é contraditória, pois se o tucano é tão pouco conhecido no Brasil, como se costuma dizer, como saber se é dotado ou não de alguma dose de carisma?

Quanto ao lendário carisma atribuído a Luiz Inácio, o termo merece algumas considerações. Foi cunhado no sentido sociológico por Max Weber, que se inspirou no significado de "dom da graça". O líder carismático, na interpretação weberiana, é seguido pelos que estão em desgraça e que acreditam ser ele capaz de feitos extraordinários. Milagres e revelações, feitos heróicos de valor e êxito surpreendentes são características da estatura desses líderes e Weber aponta como tais os fundadores de religiões mundiais, os profetas, os heróis militares e políticos. Enfim, o líder carismático é um gênio, um homem dotado de personalidade extraordinária.

Há, portanto, para o bem ou para o mal, uma grandeza no carisma, que na concepção atual foi apequenada e mal interpretada como o são os termos elite e liberalismo que tomaram acepções negativas e equivocadas. E não se pode dizer que os gracejos popularescos, as metáforas futebolísticas, as gafes monumentais, os auto-elogios do presidente Luiz Inácio façam dele um gênio ou um herói, em que pese tentar convencer "os que estão em desgraça" sobre seus "feitos extraordinários" e, de tal modo, que daqui a pouco vai anunciar que descobriu o Brasil bem antes de Cabral.

Tivemos poucos líderes realmente carismáticos e muitos sedutores de massas. Além do mais, de acordo com nossa cultura, aceitamos facilmente homens sem qualificação e até corruptos para nos comandar, pois como afirmou Weber, "a corrupção só pode ser tolerada por um país com oportunidades econômicas ainda limitadas".

Perguntemos, então, se existem carismáticos em outros partidos. Note-se que imprensa, que se dedica com certo estardalhaço ao caso do PSDB, quase nada diz sobre o PMDB. Não se comenta se Rigotto e Garotinho estão dividindo seu partido ou se está havendo demora para o lançamento de um deles. Enquanto isso, Garotinho trabalha incessantemente e começa a ser visto pelo PMDB como suficientemente "carismático" para enfrentar Luiz Inácio, que por sua vez ainda sonha com um vice do PMDB.

Na verdade, precisamos urgentemente de um presidente de resultados e não de mais um "carismático" latino-americano, que deles o continente anda cheio. Isso fica claro quando se lê algumas matérias como, por exemplo, as da Folha de São Paulo, de 24 de fevereiro, que ilustram notícias nada boas: "Banco Central tem prejuízo de R$ 10,45 bi". "Desemprego aumenta e renda diminui em janeiro". "Inadimplência aumenta 13,3% em janeiro". "Cai a confiança do consumidor na economia". "TCU cobra da presidência por gasto com bebida no cartão".


Nota do Editor: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

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