| Arquivo UbaWeb |  | | | Rotavírus. |
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Essas belezinhas aí ao lado são uns rotavírus. Olhando assim, por cima, um rotavírus lembra uma bola de futebol cheia de coisinhas esquisitas espetadas nela. Parece também uma maçã bichada. Mas acontece que essa é uma foto ampliada. Aliás, bastante ampliada. O rotavírus de verdade é tão pequeno que não dá para ver a olho nu, e não dá para ver pelo microscópio normal, só por aqueles eletrônicos. Para falar a verdade, o rotavírus é uma coisinha tão pequena que, para todos os efeitos, praticamente não existe. Pois, nesse último final de semana, esse bichinho aí me fez chegar a uma das mais tristes conclusões a que um homem pode chegar em sua vida: a de que é absolutamente insignificante perante os mistérios do universo. Quem ainda acreditava que nós, seres humanos, fomos os escolhidos por Deus para herdar a Terra e reinar sobre todos os outros seres vivos, pode ir tirando o cavalinho da chuva. O verdadeiro herdeiro da Terra é o rotavírus. Para falar a verdade, essa não é a primeira vez que eu duvido dessa nossa suposta superioridade sobre as outras espécies. Mas eu achava que o posto seria ocupado pelas baratas, com todo aquele negócio de que elas seriam os únicos seres que sobreviveriam a um hecatombe nuclear e tudo o mais. Mas eu estava enganado. Acontece que as baratas não atacam. Elas só ficam lá, no canto delas, esperando o ser humano exterminar-se por conta própria. Mas os rotavírus atacam! Nesse final de semana, por exemplo, minha família inteira foi atacada. A minha sogra, o meu sogro, o meu cunhado, minha mulher, minha filha e eu. Foi um Deus nos acuda. Porque o diabo do Rotavírus (daqui para frente escrito assim, com "R" maiúsculo) nos ataca não apenas na carne, mas em nossa dignidade, decência e moral. O espécime humano infectado pelo Rotavírus perde totalmente o controle sobre seus intestinos e estômago, passando a produzir desordenadamente dejeções e barulhos estranhíssimos, e nos momentos mais inusitados. Sabe quando estamos ali, no meio da missa e, de repente, ouve-se um gorgulhoso NHÓOOOOINC bem no meio do sermão? E, logo depois, percebe-se alguém correndo pelo meio da igreja, em desabalada carreira rumo à rua? Pois pode acreditar: era mais uma vítima do Rotavírus, em busca de um banheiro, um beco escuro ou qualquer lugar que lhe dê um mínimo de privacidade. O Rotavírus é assim. Tão superior que não respeita nem mesmo a presença de Deus.
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