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Opinião
06/03/2006 - 15h01
Que reine o jeitinho brasileiro!
Christina Fontenelle - MSM
 

Um Presidente da República falando gracinhas ao microfone, pelos palanques montados Brasil afora, com dinheiro dos impostos pagos por milhares de aposentados e trabalhadores deste país, debocha da lei, de todos os brasileiros e de seus adversários políticos, em campanha eleitoral explícita.

Lula confessou o que todos já viam e sabiam, ao dizer que um presidente está em campanha eleitoral 365 dias por ano. Pior: diz isso com um sorrisinho cínico e arranca aplausos, não só dos reles mortais que o assistem, mas das "autoridades" que, com ele, compartilham os palanques. É a consagração máxima da "Lei de Gérson" que deveria, aliás, depois da passagem deste governo passar a constar, definitivamente, como um dos artigos da nossa Constituição, com direito a menção em todos os outros Estatutos, Códigos e Leis Ordinárias.

Seria um, já há bastante tempo merecido, reconhecimento por parte dos brasileiros através de seus congressistas (que poderiam apresentar um projeto de lei, neste sentido, e aprová-lo) de que, "levar vantagem em tudo" é o que reza mesmo, no pensamento de grande parte de nossos dirigentes e, porque não dizer, de nossa população, também - para infelicidade daqueles que insistem em permanecer com velhos conceitos de ética, moral, honestidade, apreço pelos estudos e outras coisas desse tipo.

O aniversário de 26 anos do PT foi uma festa de consagração e o marco do lançamento definitivo da campanha de Lula em busca da reeleição. Ali, comemorava-se muito mais do que o aniversário do partido. Festejava-se o sucesso do governo e de boa parte da imprensa aliada, na estratégia usada para permanecer no poder. Provaram, na prática, (e, inacreditavelmente, aqui no Brasil) que os manuais de Lênin sobre a arquitetura de dominação estavam certos. Comemorava-se a vitória de um projeto de poder.

Deu tudo certo. A mentira se sobrepôs à verdade; a oposição só foi até aonde a covardia permitiu: pelo medo de perder o pouco que tinha ou pelos motivos que deu para ser chantagiada; a máquina estatal, infiltrada de gente do partido do governo e dos aliados funcionou dentro da subserviência esperada; a imprensa pró-governo só deu destaque sobre o que queria e da forma que queria, fazendo mil e uma análises e ponderações, ajudando a encobrir o assalto ao poder. A não ser pelas bengaladas em José Dirceu, tudo foi acontecendo, dentro dos limites do previsível e do controlável. Termino como comecei: deu tudo certo.

Quando se chega ao ponto em que só confissões assinadas são consideradas provas cabais de crime e ao ponto em que, apesar das evidências de culpa serem flagrantes, os criminosos desfilam altivamente sorridentes, mundo a fora, ou são angelicamente mandados para casa (e blindados pela imprensa que mais nada fala sobre eles, dando-lhes sossego) e alguns até contratados para trabalhar em empresas de projeção nacional, por salários inimagináveis ao homem brasileiro comum, e, a despeito de tudo isso, todo o universo social finge normalidade, só resta aos indignados a esperança de que haja e justiça divina.

Não. Minto. Não é possível que no reinado do jeitinho o cidadão não encontre uma saída. Entrar no esquema, guardadas as devidas proporções, é claro, é uma opção digna, talvez, para sobreviver psicologicamente, no mínimo. Por exemplo, o cidadão, em tendo já filhinhos, em vias de entrar no ensino médio, pode matriculá-los na rede pública e pagar (muito bem e por fora) para que eles freqüentem, simultaneamente, um excelente cursinho preparatório - dessa forma, eles terão mais chances de entrar nas faculdades federais. Foi só um exemplo. Tenho certeza que inspirações não faltarão!

Digo isso sem nenhum resquício de satisfação. Apenas o senso de realidade leva-me a supor que a tolerância física e mental dos indivíduos, à corrupção generalizada e à injustiça, tenha seus limites. Porque, viver honestamente, no Brasil, está beirando às raias do impossível, tamanha é a falta de sentido que isso faz. Um feito digno de heróis. Gostaria muito, muito mesmo, de estar errada.


Nota do Editor: Christina Fontenelle é formada em Comunicação Social - Jornalismo, pela PUC-RJ, tendo ainda cursado três períodos de Economia, a título de especialização, na mesma Universidade, além de 4 períodos do curso de Telecomunicações, na Estácio - RJ.

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