O matemático e filósofo inglês Bertrand Russell foi um livre pensador avesso aos alinhamentos políticos, talvez daí o fato de sua obra não ter tido o reconhecimento que merecia. Nos anos do após-guerra a intelectualidade européia flertou abertamente com o regime de Moscou, posição que só começou a ser questionada depois das denúncias dos crimes de Stálin feitas por Kruschev, em 1953. O "tribunal" Bertrand Russell que julgou os crimes de guerra praticados pelos americanos no Vietnã incomodou bastante ao establishment belicista de Washington. As tentativas de rotular de comunista quem fosse contra a guerra não se aplicavam ao inglês, que além de não ser membro de partidos, também abominava os crimes de Moscou, como a invasão da Hungria em 1956. Além da independência política, Russell foi um grande defensor do pensamento racional e investigativo, o que lhe custou além do ódio de russos e americanos, a aversão do Vaticano. É óbvio que em contrapartida ele tinha uma legião de fãs em todo o mundo e era muito requisitado para palestras e conferências. Numa dessas ocasiões, em Londres, ele abordou novas descobertas que indicavam ser o universo muito maior do que a ciência supunha até então. Falou sobre a Terra, o Sistema Solar e a Via Láctea, encantou os ouvintes e respondeu a inúmeras perguntas ao fim dos trabalhos. Quando já se preparava para sair do palco, uma velhinha muito bem vestida que a tudo ouviu atentamente, aproximou-se e disse: - Você falou muito e só disse asneiras rapaz. Todos sabemos que a Terra é chata e está apoiada sobre tartarugas gigantes.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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