Acabou nosso carnaval. O deles continua. 559 indivíduos desfilam por uma passarela no planalto, num concurso de fantasias onde as figurinhas repetidas todas estão vestidas de homem de bem, homem sério, estadista e realizador. Todos esses 559 são reis-sóis entre um possível eleitorado que os olha como a criança da história da nova roupa do rei ("O Rei está nu!". - Lembram?). Aldo Rebelo - o nosso Freddie Mercury em estágio terminal político - resolveu dar a cara a tapa e reconhecer que o recesso só serviu para uma gastança de dinheiro sem nenhuma finalidade. A prática não é nova. Vêm desde a época em que Francelino Pereira era presidente da ARENA - O maior partido político do Ocidente. E já que estamos falando em Partidos Políticos, vai haver um carnaval entre as legendas de um homem só. O ápice dessa festa bem que poderia ser anunciado amanhã, com as fusões campeãs desfilando sábado pela passarela do palácio do Planalto, tal qual e no mesmo horário do desfile das campeãs pelo sambódromo carioca. Esse carnaval de siglas vai marcar em definitivo o enterro do comunismo como razão de viver, passando a doutrina a ser considerada uma doença infantil da esquerda, daquelas que todo mundo é acometido uma vez e nunca mais. Quem acha que isso é mentira, tão aí os Zés Dirceus, os Gushikens, os Delúbios e as Roussefs como prova viva. E, para aqueles que continuam a esperar o carnaval de punições prometido pela direção de desarmonia da Escola de Samba Tucana, esses vão ficar aguardando o dito carnaval chegar deitados, para não ficarem cansados. Tudo indica que a espera será bem mais longa que a abstinência de títulos pela qual passou a Vila Isabel. Com direito, inclusive, a mortes de porta-estandartes e mestres-salas. Quanto ao próximo carnaval, é possível que seja o mesmo rei momo o chefe da folia generalizada. Os outros postulantes ao título ficaram que nem barata tonta depois que duas pesquisas sucessivas apontaram que os foliões querem a permanência do atual rei. Contrariando a marchinha, não são dos carecas que as folionas gostam mais. Tudo indica que a fantasia de sapo barbudo teve mais apelo entre a multidão carnavalesca. Para terminar, outras duas certezas carnavalescas. Lá vai a primeira: O do próximo ano não vai ser igual a esse que passou. Nesse eu não brinquei e sei que você também não brincou. A minha fantasia ficou guardada e sei que a tua também ficou pendurada no cabide. No próximo a gente decide. E agora, a segunda: Martinho da Vila é o maior pé frio. Bastou ele não desfilar para a Vila sair campeã. Quanto a minha Serrinha? Cês vão ver no ano que vêm. Nota do Editor: Luiz Sergio Lindenberg Nacinovic é jornalista.
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