Há duas categorias de pessoas que entram em ansiedade aguda na época de férias: os que estão em análise e os que têm animais de estimação. Esta última situação comporta algumas variantes. Em primeiro lugar, temos o caso dos donos que não saem de férias. Descanso em casa, portanto? Não propriamente. Um site dedicado a animais sugere que este é o momento de "botar o treinamento de obediência em dia" e de "fazer marcação cerrada na disciplina do xixi e cocô no lugar certo". O que parece ser um empreendimento capaz de manter a pessoa ocupada por muito tempo. Mas, se os donos não ficam em casa, se saem com os animais em férias, há várias opções. Uma delas é acampar com os cachorros. Um outro site oferece "acampamentos com atividades caninas: os cachorros-escoteiros ganham crachás para busca e salvamento, há trilhas e aulas de obediência, e isso sem falar em treinamento e segurança na água". A notícia termina com uma entusiasmada exortação: "Encontre um acampamento com atividades para cachorros, pegue o seu saco de dormir, e pé na estrada!". Para os menos arrojados, e mais comodistas, outros sites oferecem praias que aceitam cachorros, onde "você e o seu melhor amigo podem cavar buracos na areia". Assim, em Porto Seguro, segundo um quarto site, "a Pousada Tropical tem um canil só para cachorros" - confirmando uma antiga suspeita de que canis em geral só aceitam cães. Na praia, certas precauções são necessárias. A Pet Society está lançando, para cães, "óculos escuros com 100% de proteção ultravioleta, fabricados em modelos, tamanhos e cores variados". Também anuncia um protetor solar para cães, uma "loção resistente a lambidas, graças ao sabor propositadamente amargo". Mas e aqueles que deixam os cães em casa, quando vão viajar - para o Exterior, por exemplo? Estes enfrentam problemas diferentes. Porque a verdade é que os bichinhos se ressentem da ausência dos donos, a ponto de entrarem em verdadeira depressão. O Marco Aurélio, aqui da Zero Hora, me contou de um cachorro que teve até de tomar Prozac (verdade que meio comprimido por dia). Um outro psiquiatra ligou dos Estados Unidos para casa. A empregada disse que estava tudo bem, com exceção do cachorro, que parecia meio triste. Bota ele no telefone, pediu o doutor, e durante meia hora fez uma verdadeira psicoterapia com o bicho. Situação pior enfrentam as pessoas que também entram em ansiedade. Foi o caso de uma garota que, no Exterior, sonhou que seu cachorro havia morrido. De imediato ligou para casa. O pai garantiu-lhe que estava tudo bem, que o animal gozava de perfeita saúde, mas a pobre menina não queria acreditar: exigiu que o cão fosse trazido ao telefone e que latisse para ela. A primeira parte da tarefa foi razoavelmente cumprida (já vimos, pelo caso anterior, que isso é possível), mas não houve jeito de fazer o cachorro latir. Finalmente, o próprio pai encarregou-se de imitar o latido. Não se sabe se a filha acreditou ou não, mas o fato é que ela se acalmou. O que nos lembra a situação dos chefes de família que ficam sós na cidade com os cachorros, enquanto a família está na praia. Para estes, o Marco tem uma recomendação: quando o cara começa a latir, está na hora de largar tudo e seguir rumo ao litoral. Com ou sem cachorro.
|