"O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você." (Mario Quintana) Há pessoas bioagradáveis, de presença e prosa facilmente digeríveis pelos microorganismos que decodificam nossa emoção e nossa empatia. Há pessoas agradáveis que alegram o mundo com o som de seu coração, a sonoridade de seu riso e o brilho de seus olhos. Não sabendo o que lhes acontecerá no momento seguinte, trazem na alma a leveza capaz de operar a magia da vida; estão preparadas para mudanças e sua sabedoria lhes dá flexibilidade. São pessoas que vão até a raiz dos problemas e acontecimentos, aprendendo com eles; enxergam além do discurso ou do fato; a superficialidade não faz parte de seu DNA. Sabem que há coisas essenciais e fundamentais e outras fundamentais, mas não essenciais. São pessoas iluminadas que mantém seu alto-astral, apesar dos problemas cotidianos. Espalham uma "bondade que não se sente, tão natural é a sua compaixão". Praticam o melhor exercício, de uma força terapêutica incrível: conjugam a qualquer hora e tempo o verbo AMAR. São capazes de transmutar energias negativas em possibilidades de amizade, perdão, paciência, suavidade, afetividade, amorosidade que, em princípio, podem parecer prerrogativas femininas. As pessoas bioagradáveis não se envergonham de seu lado feminino; pelo contrário, sentem prazer em exercitá-lo porque é através dele que alcançaremos a vitória sobre a brutalidade e a aspereza. Não estou concluindo que somente as mulheres são bioagradáveis; a profundidade de minha inteligência é muito maior do que qualquer sectarismo. Não estou falando de homem ou mulher; falo do gênero humano. Como, para mim, Deus é Pai-Mãe da humanidade, cada partícula de Sua energia, que somos nós, tem seu lado masculino e feminino. Falo do equilíbrio necessário à convivência pacifica e harmônica entre todos. A única e verdadeira chance da humanidade ser próspera e feliz reside em reciclar-se, rapidamente, zerando esse consórcio de imbecilidades em que vivemos, reorganizando-se em uma sociedade justa e solidária, capaz de compaixão, capaz de amar-se e amar o próximo como a si mesmo. Ser bioagradável é o único passaporte que nos levará ao nosso destino: a felicidade. Contrapondo-se às pessoas de fácil e proveitosa convivência, existem as biodesagradáveis. Vivem infelizes, não importa o que aconteça: reclamam de tudo, criticam a si e o mundo; nada é bom o suficiente para elas. As pessoas biodesagradáveis não conseguem encarar-se no espelho; não suportam olhar em seus próprios olhos, quem dirá nos olhos do outro. O mundo para elas atingiu um estado insuportável de saturação e não lhes dá os resultados esperados por suas expectativas. A cada dia, tornam-se mais amargas e descrentes de sua própria humanidade, e nada fazem para reverter as situações que elas mesmas tornam desagradáveis. A lamentação azeda e estéril é seu passatempo favorito: reclamam do calor e do frio, reclamam da chuva e do sol. Fazem disso o seu hobby. De sua boca saem "cobras e lagartos" sobre os pobres mortais ao alcance de sua língua ferina; incapazes de um gesto delicado, de uma palavra de carinho, entram numa paranóia de autodestruição, levando muita gente na esteira de sua caminhada para o abismo do nada. Não preparam seu jardim interior para que as borboletas venham até elas. Passam pela vida sem desfrutá-la; dificilmente serão lembradas. Na arte de viver, há de se ter sabedoria suficiente para aceitar todas as ambigüidades e contradições, convivendo com a alegria e a tristeza, a grandeza e a mesquinharia. Encarar a realidade é fundamental, mas desfrutar da companhia de pessoas bioagradáveis é essencial. Só assim nos tornaremos uma delas. Nota do Editor: Neiva Pavesi é educadora, promotora de leitura, palestrante na área de educação, escritora.
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