Dando uma espiada nos vencedores do Oscar desse ano foi que eu me dei conta de como eu não tenho mais ido ao cinema. Eu não havia assistido nenhum daqueles filmes. E olha que eu adoro cinema. Sou daqueles que, no meio de uma conversa de bar, fica tentando lembrar o nome de um ator e, se não consigo, chego em casa e a primeira coisa que faço é ligar o computador e procurar no Google. Antigamente, eu não perdia um filme. Nem os ruins. Eu até gostava de ver uns filmes ruins. Para falar a verdade, tem uns filmes ruins que estão na minha seletíssima lista de filmes favoritos. Quer dizer, eu não deixei de ir ao cinema porque os filmes feitos hoje em dia são ruins. Ruindade do filme não é o problema. O problema é que os filmes de hoje são muito previsíveis. Até mesmo em sua imprevisibilidade. Por exemplo, depois daquele filme "O Sexto Sentido", no qual a gente só descobria no finzinho que o Bruce Willis era um fantasma, já apareceram uns quinhentos com a mesma história. O filme vai passando, num clima meio esquisito, e chega no fim a gente descobre que os personagens estavam mortos desde o começo do filme, e só eles mesmos não sabiam. O mais famoso foi aquele "Os Outros", com a Nicole Kidman. Mas teve mais um monte. E isso pra não falar daqueles filmes em que a mulher, o filho ou o melhor amigo do Schwarzenegger (ou equivalente) são brutalmente assassinados e o herói parte em busca de vingança. Desses filmes assim passa um por dia na televisão. É um inferno. O filme começa, eu viro logo para quem está do meu lado e conto a história inteirinha: - Agora, o Schwarzenegger (ou equivalente) vai ficar furioso. E depois de não conseguir ajuda das autoridades, ele vai arrumar um amiguinho engraçado e investigar por conta própria. Provavelmente vai ter umas cenas dele olhando jornais antigos. Aí ele vai descobrir que o assassino é uma das autoridades que não quiseram oferecer ajuda. E no fim eles vão resolver tudo numa corrida desenfreada de carros pelas ruas de Nova York. É batata. O cara que está ao meu lado, a princípio, fica espantado. E depois, geralmente, quer me agarrar pelos colarinhos por eu ter contado o final do filme pra ele. Aliás, acho que é por isso mesmo que eu não tenho mais ido ao cinema: falta de companhia. Tudo bem, eu poderia manter a minha boca fechada durante as projeções. Mas, caramba, bem que esses roteiristas de Hollywood também poderiam dar uma força, né?
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