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Opinião
17/03/2006 - 07h54
Gigante adormecido
Maria Lucia Victor Barbosa
 

Em 2002, uma idéia esquisita circulou e acabou persuadindo um bom número de indivíduos. Se a princípio aquele palpite que se pretendeu genial parecia inofensivo, acabou por produzir efeito contrário e serviu aos interesses de outros que não os crédulos da dita maquinação. A idéia consistia em eleger Luiz Inácio não porque era o candidato ideal, muito pelo contrário, mas porque assim os brasileiros aprenderiam através de amarga experiência a nunca mais votar no PT.

Eleito, Luiz Inácio e seu partido foram ao paraíso. O deslumbramento foi tanto que o discurso ético foi pulverizado. Tudo que antes era criticado duramente eles fizeram com mais capricho. Caixa dois todo mundo tem e ainda inovaram na modalidade do mensalão e dos dólares na cueca. Fizeram alianças políticas antes consideradas espúrias. Praticaram a ortodoxia macroeconômica e obsequiaram com isenções de impostos e da CPMF os especuladores estrangeiros. Os privilégios concedidos ao Lulinha e ao primeiro irmão lobista foram considerados tão normais quanto o loteamento do Estado pelos companheiros e companheiras, com decorrente nepotismo (que o digam algumas mulheres de ministros). Praticaram impostos escorchantes, juros mirabolantes e deram aos banqueiros os maiores lucros da história. Os pobres ficaram com as esmolas que os mantém sempre pobres e agradecidos.

Tem mais: José Dirceu, Waldomiro Diniz, Delúbio Soares, Silvinho Land Rover, José Genoino, Marcus Valério e outros mais viraram piada de salão. Todo mundo achou graça. Na república sindicalista tudo é permitido, aos companheiros, claro. O STF garante o que for preciso. Quanto ao presidente da República, como o Jamanta da novela não sabe, não viu. E sem oposição para valer no momento pesquisas indicam que o PT veio para ficar. Quem sabe alguém ainda diga num momento iluminado: "vamos dar mais um mandato a ele para confirmar a idéia de que não se deve votar no PT". E ainda fazemos piada de português. Eles até podem nos dizer: "ora, pois, vocês tiveram a quem puxar".

Outra idéia espantosa surgiu não em meio aos palpiteiros da coisa pública, mas entre os que se supõe serem profissionais da política. As autodenominadas "oposições responsáveis", ou seja, o PSDB e o PFL resolveram não pedir o impeachment do presidente da República. Deixar ele lá sangrando e depois ganhar facilmente o cobiçado cargo foi rasgo inspirado dos cardeais oposicionistas. A esbórnia pública, o fracasso dos planos sociais, o espanto da opinião pública com as denúncias do então deputado Roberto Jefferson, as provas que se acumulavam nas CPIS, a confissão de Duda Mendonça de que recebera em paraísos fiscais, enfim, um acúmulo de fatos escabrosos que em bem menor quantidade teriam derrubado um presidente da República não foram suficientes para que as "oposições responsáveis" agissem. Como ensina o ditado, "o que não mata engorda", e agora a candidatura de sua excelência está gorda e sem hematomas.

Mas as idéias estapafúrdias não param por aí. Quando surge no PSDB a chance de ganhar com um homem público do nível de Geraldo Alckmin o tucanato protela a escolha de seu candidato, cardeais do partido pendem para o lado de Serra (o opositor predileto do Planalto) e até já circula outra tese genial: lançar Aécio Neves, que provavelmente entraria para perder. Ah, os portugueses que nos perdoem por aquelas piadas sem sentido.

Enquanto isso o PMDB da oposição e o PMDB governista confabulam em seus respectivos bastidores. A vice-presidência na chapa petista, quem sabe seria melhor do que um candidato sem chances de chegar lá? Unindo as duas poderosas máquinas, a estatal e a do PMDB, que substituiria o afundado PT, a força eleitoral seria praticamente imbatível. Sem medo de ser feliz o eterno candidato do PT torce para que isso aconteça e faz campanha sob os olhares complacentes das "oposições responsáveis" e atentos de possíveis aliados.

Mas brasileiro não desiste nunca. Do inconformismo e da total ingenuidade brota, especialmente através da Internet, a campanha do voto nulo. Confunde-se a eleição presidencial altamente complexa com o referendo sobre as armas que consagrou o Não como vitória sobre o governo. Pensa-se que serão atingidos os 51% de votos nulos e, assim, a eleição seria anulada. Nada mais errado. Não se trata agora de sim ou não, pois nomes e partidos estarão em disputa acirrada. E adeptos, simpatizantes e incautos não deixarão de votar no Pai Lula. Na Venezuela, onde tem oposição popular para valer a abstenção deu a Chávez (agora revolucionário carnavalesco que compra escola de samba do Rio e primeiro lugar) o poder absoluto. Imagina aqui.

E assim, de idéia em idéia, nós mesmos consentimos nosso mal. A família de Celso Daniel, que sob ameaça de morte está sendo obrigada a fugir para o exterior, que o diga. Talvez, seja nosso destino ser apenas um gigante adormecido deitado eternamente em berço esplêndido.


Nota do Editor: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

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