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Ano 2 - Nº 18 - Ubatuba, 14 de Março de 1999
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Esporte
· Judô ubatubense sobrevive por conta dos
  próprios atletas

    Ralph Luiz de Carvalho Solera Soares
    rsolera@ubaweb.com
    http://members.xoom.com/rsolera

Apesar de contar apenas com uma academia, a Dojo Kano, do mestre Josino Francisco Souza, Ubatuba pode se considerar uma cidade forte no judô, a começar pelo próprio Josino, que é Faixa Coral (6º Dan) e considerado pelos especialistas um dos 10 maiores técnicos de todo o Brasil.

A reputação de Josino não existe por acaso. Como assistente técnico da Seleção Brasileira e membro efetivo da Federação Paulista de Judô, Josino tem larga experiência na formação e no treinamento de jovens atletas e já formou até professores, que hoje lecionam em academias do Vale do Paraíba.

Mesmo sem jamais ter contado com qualquer tipo de apoio financeiro, público ou privado, a Academia Dojo Kano é muito conhecida em todo o Vale do Paraíba pelos grandes lutadores que já apresentou e pelas suas grandes performances. A mais famosa de todas, comentada ainda hoje, é a da vitória nos Jogos Beneméritos com uma equipe formada por apenas 4 lutadores, um fato até então inédito, que nunca mais voltou a se repetir, tendo sido conquistada no início da década de 80. Os Jogos Beneméritos é uma competição por equipes, de nível nacional, que ocorre anualmente. A proeza da Academia Dojo Kano atravessou o tempo e é narrada ainda hoje nas academias do Estado como um feito histórico.

Entretanto, a falta de apoio e a conseqüente infra-estrutura aquém do necessário acabam por apagar os talentos revelados em Ubatuba. A grande maioria dos judocas precisa pagar para treinar e competir, tornando a carreira muito dispendiosa. Assim, quando atingem os seus 18 anos, mais ou menos, se vêem obrigados a ter que trabalhar para se sustentar, já que não possuem patrocínios fortes, e acabam abandonando os tatames.  Quando a solução é  diferente, o jovem  judoca  abre
uma academia e vira um professor. Aqui em Ubatuba, como Josino é o único mestre e tem uma verdadeira idolatria por parte de seus alunos, todos se recusam a abrir uma outra academia para competir com o antigo professor e assim a estrutura se mantém no mesmo estado de mais de 10 anos atrás.

Um exemplo é o judoca Fabrício Veiga Franco, Faixa Preta e aluno de Josino, que por motivos financeiros precisou diminuir bastante o ritmo de treinos e praticamente abandonar as competições mais importantes, restringindo-se aos Jogos Regionais e outros torneios no Vale. Mesmo sabendo que tem potencial para abrir uma academia, Fabrício, assim como muitos de seus colegas judocas, garante que jamais teria coragem de competir por alunos com o antigo mestre, Josino.

Josino (esquerda) e Fabrício

E, mais uma vez, o exemplo do judô mostra como um trabalho sério e bem feito rende frutos e nos dá a certeza de que não só Ubatuba, mas o Brasil inteiro poderia estar vivendo uma situação completamente diferente, do ponto de vista esportivo, se houvesse um mínimo de incentivo a esportes que não sejam o futebol e outros mais badalados.Fim do texto.
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