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Ano 1 - Nº 3 - Ubatuba, 24 de Dezembro de 1.997

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Tufo!!!
Pedro Paulo Teixeira Pinto
articulista@ubaweb.com

Bimba Perspicaz, inteligente, espirituoso. Gozador, sempre. Não poucas vezes, fazia-se discreto, fino. Vinte e quatro horas no ar. E mais um gole prô santo.
Sabia dos fatos, fofocas, conversas-fiadas, das maledicências que vagavam pelos papos vadios da cidade esquina a fora.
Nas aglomerações que gravitavam em torno de "grandes acontecimentos" era plantão obrigatório, metendo o bedelho, abrindo sorrisos, escancarando risos.
Invariavelmente rodava e rondava as rodas de conversas que freqüentavam o burburinho da província. Todo perú glú-glú-glú, estufava o peito e liberava forte um sonoro TUFO!!! envenenado de ironia, se ouvisse algo que contrariasse seu bom senso.
Certa vez queria porque queria mudar o nome da boa e famosa pinga Ubatubana. Achava que devia se chamar simplesmente, Bimba. Para tanto, fazia propaganda nesse sentido, cujo carro chefe era uma composição que ele mesmo criou para atingir seu objetivo, cantando por toda parte...
O Bimba era muito engraçado e figura popular das mais interessantes, ricas e simpáticas que já engraçaram essas bandas.
- Quem não se lembra dele?
Num redondo dia de sol, verão a pino, carnaval chegando, um grupo ruidoso de jovens, fazendo furor, entrou pela avenida Iperoig vindo da praia da Enseada, e da então famosa "Barraca do Araca".
Renato Teixeira e seu irmão Roberto "organizavam" a deliciosa folia, de um jeep Willis velho-de-guerra, amarelo, sem capota, com gente por cima de gente e funcionando como abre-alas do grande bloco que tinha à frente o Bimba, inspirador absoluto do inusitado desfile, entrando cidade a dentro.
Buzinando, batendo lata, bumbo, zabumba, pedaço-de-pau, tocando apito e o que houvesse, o grupo reuniu muita gente em frente ao prédio da Câmara Municipal, dançando e entoando a marchinha Borrachudo, letra e música do Bimba e grande sucesso do carnaval daquele ano em Ubatuba e até hoje atualíssima.
Bimba entrou em transe, em estado de graça, de glória. Foi seu grande momento junto a todos que, solidários, fraternos, uníssonos, protestavam alegremente cantando e cantando pela bonita tarde ubatubense daquele dia:

É um absurdo, é um absurdo,
Não tem remédio prá matar o borrachudo
É um absurdo

É um absurdo, é um absurdo
Não tem remédio prá matar o borrachudo

Na casa do dotor fulano
Tem, tem de tudo
Só não tem é o remédio
Prá matar o tal do borrachudo
É um absurdo!!!
Fim do texto.

Engenharia Virtual
Ricardo Yazigi
ryazigi@iconet.com.br

Meu primeiro contato com a informática foi há vinte anos atrás quando ela tinha o simpático nome de computação. Os computadores, apesar de enormes, tinham memória curta. Como os brasileiros. As calculadoras programáveis eram a grande sensação da época. Com apenas duas dezenas de linhas de programação eram capazes, muitas vezes, de armazenar dados suficientes para que um aluno menos aplicado escapasse de uma segunda época. Bons tempos...
Depois de surgir o micro, tudo mudou. Foi uma verdadeira revolução. Os escritores pararam de gastar papel à toa, quando erram, apagam tudo na tela, nada de ficar riscando e amassando papel. Os desenhistas de prancheta, transformaram as mesmas em mesas de almoço. Os homens da contabilidade abandonaram aquele monte de planilhas e fichas, que só serviam para engordar o tal do arquivo morto. Os donos de lojinhas passaram a fazer controle de estoque.
A informática mudou o mundo. Até surgir a Internet. Essa então foi a revolução da revolução. Criou o mundo virtual. Papo virtual, propaganda virtual, compra virtual com dinheiro virtual, sexo virtual e até engenheiro virtual. Pois é, virei engenheiro virtual. Na época das calculadoras, passava meses fazendo os cálculos de um projeto e mais meses desenhando o mesmo projeto no papel vegetal.
Agora, os softwares calculam, desenham e cospem tudo para uma impressora ou um plotter. Pela Internet, recebo todas as informações que preciso, e envio meu projeto para qualquer lugar do país. Os honorários do meu serviço vêm pelo internet banking. Acabo fazendo um trabalho inteiro, sem ver a cara da pessoa que me contratou, só a fico conhecendo pelos e-mails trocados. Não é fantástico? Nem tanto... A que temperatura vai ficar o calor do relacionamento humano? Será que existe vida no mundo virtual?
A conclusão que chego é que a sempre virtual poesia da vida está se tornando cada vez mais real.Fim do texto.

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