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Ano 1 - Nº 5 - Ubatuba, 15 de Fevereiro de 1998

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· Ubatuba, RJ - BR
Ricardo Faria
articulista@ubaweb.com

Estive por alguns dias em Santa Catarina. De volta ao Litoral Paulista, em Ubatuba, comento sobre Floripa e sua gente com o Newton Gutemberg Cyrillo, do Newton's Hotel, nos maravilhosos altos da praia da Enseada. O Campeonato Brasileiro de Vela Oceânica, no Iate Clube de Santa Catarina, sub sede do Jurerê. Dos magníficos barcos, dos destemidos velejadores, da beleza física e da excelente educação do povo catarinense. De como fui bem tratado e do início do processo de deterioração da Ilha de Florianópolis. De repente, me dou conta que devo uma matéria para a UbaWeb. Vamos lá:
Fundos do Perequê-Mirim, em Ubatuba - SP - 1989 Pelo andar dos mancos burros dessa caravana, cujos mancos não são somente os burros, morar ou visitar Ubatuba que não é, nunca foi e jamais será cidade turística está de cortar o coração. Viramos, juntamente com Bertioga, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba, Paraty e Angra dos Reis, uma Cinderela Sapatão de Sete Léguas, caminhando rápida e irreversivelmente para um tipo de Baixada Fluminense. Quem sabe para algo até pior. Os próprios jornais locais e outros veículos de comunicação estão batendo nessa tecla, cuidadosamente, para não perder as verbas oficiais. As prefeituras, amparadas pelas edilidades, salvo raras exceções, são pela alta de impostos. Leia-se IPTU. A alegação é a de sempre: o governo anterior faliu a cidade. Tenho escutado o mesmo pelo Brasil afora. Socorro! Polícia! Calcinha!
Bem... Já que os nossos marionetes-excelências podem se magoar, o negócio é matar o pau e mostrar a cobra ou cobrar a mostra e paular a mata. Ou será ao contrário? Tente, leitor, responder algumas perguntas: O povo da região acima citada possui educação turística? - Existe a matéria turismo nos currículos escolares? - Ao chegar, o visitante recebe informações sobre a localidade? - Onde devem pousar os aviões que transportam pessoas, através de pacotes turísticos? E os navios atracam onde? - Há rede de coleta com o tratamento do esgoto sanitário, para que se evite a poluição do mar e das praias? - O atendimento de saúde é adequado e condizente com o número de pessoas, principalmente no verão? A segurança pública tranqüiliza o cidadão durante a alta temporada? O turismo náutico é incentivado na região? É comum se notar a presença de cães e seus dejetos nas praias? Sente-se um terrível mau cheiro em algumas cidades citadas? Poderíamos continuar perguntando indefinidamente.
Não havendo infra-estrutura de atendimento, a cidade não é, nunca foi e jamais será turística. Como diz a letra da música: "camelô... na conversa ele vende algodão por veludo! É porque nesse mundo tem bobo para tudo!" Nada mais do que isso.
Costa Norte de Ubatuba - Foto: http://www.ubatubahoteis.com.br Muito bem, presenciamos, nos últimos 30 anos, a degradação da mais bela região do planeta: os trezentos quilômetros de costa entre Ilhabela e Angra dos Reis. De quem é a culpa? Do povo? Afinal de contas, existe o dito popular que cada merda de povo tem a merda de governo que merece. Essas localidades há muito estão organizadas constitucionalmente, com autoridades e tudo mais. É todo um aparato tentando convencer de que a arrecadação de impostos tem valores corretos. Que a relação custo-benefício oferecida pelo poder público é honesta. Dois, três, quatro - cinco, sete - sete, oito - tá na hora de molhar o biscoito. Que raios de suruba é essa em que a gente somente leva ferro?
A quem responsabilizar pelos prejuízos causados à população? As administrações públicas dos últimos 30 anos podem ser responsabilizadas? E os que aumentaram os problemas sociais locais permitindo a permanência de emigrantes, inexistindo a necessária infra-estrutura de saneamento, habitação, educação, saúde e mercado de trabalho? O direito de ir e vir é sagrado. Mas, o de permanecer, questionável. No caso da maior parte do pessoal que veio do norte de Minas Gerais, é voz corrente que houve interesse eleitoral - voto de cabresto. A prefeita de Ilhabela, por exemplo, está autorizada a importar problemas e tentar resolvê-los com os impostos arrecadados dentre a população da Ilha? Pois é, a sorte parece estar lançada: as propriedades estão desvalorizadas em até cinqüenta por cento, os pequenos empresários vivem uma queda no faturamento, a violência aumenta, as cadeias estão lotadas de estranhos à região. Os logradouros públicos oferecem risco de danos físicos e materiais aos cidadãos. Por mais que sejam solicitados os empresários ligados ao turismo rejeitam a idéia de investir. E pessoas, vindas de outros estados brasileiros, sob o manto da carência e cobertura oficial acabam por invadir, indiscriminadamente, as áreas altas de preservação, promovendo a total devastação ambiental. Com as águas de março ainda teremos que amparar os sobreviventes que rolarem morro abaixo.
A quem devemos acionar, na Justiça, para ressarcimento? Ou devemos permanecer calados. Assistir impávidos a degradação da Serra do Mar. A edificação de favelas no Perequê-Mirim, Enseada, Taquaral, Pedreira etc., no município de Ubatuba, fato que se repete nos municípios de Bertioga, São Sebastião e Caraguatatuba. O programa Fantástico, da TV Globo, outro dia comparou algumas praias do Guarujá (ali depois de Bertioga) a vasos sanitários sujos. A Mata Atlântica, protegida por Lei, está pontilhada de gente até Angra, segundo observações aéreas. Quem paga o pato somos nós. E o prejú? - Vamos agora a crucial e derradeira indagação: sendo a indústria do turismo uma das que mais fatura no mundo, porque o desinteresse por parte do Estado em implantá-la na mais bela região costeira do planeta, compreendida entre a Ilhabela, SP, e Angra dos Reis, RJ? Noutro dia perguntei o mesmo para um prefeito do pedaço. O dito cujo fez biquinho e respondeu: "magoei." - Homem é homem, político é político. E boióla é boióla, diria o cantante cearense, Falcão.Fim do texto.


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· Notas sobre Nota$   :-)))
L. C. Santos Pena
articulista@ubaweb.com

· Depois do trio elétrico (inferno para muitos) trouxeram o pagode. Não conheço nenhum dos conjuntos ou grupos que aqui estiveram. A musiquinha simplesinha de letra idem, com tendências capciosas ou de amores que se foram não me atrai. Multidão nem mesmo em Fla-Flu. Fico com Chico, Paulinho da Viola, João Bosco, Tom etc. O que me atrai a atenção é o local. Por que sempre ali perto do restaurante, epa! digo aeroporto? O trânsito para quem vem da parte sul da cidade já é um transtorno. Com pagodeiros, roqueiros e quejando é um teste para quem não mora em São Paulo e gostaria de saber como é, em dia de chuva.
Não haveria outro local para tais shows? E o estádio de futebol no Perequê-Açú não serviria para estas tertúlias? Por que não um local para shows, teatro, exposição etc.? Para os que não sabem Ubatuba não possui um local assim (e nem sequer em projeto!!!).

· Assisto ao Jornal Nacional. Parece que os efeitos do real estão pulverizando a capacidade informativa do mesmo. Um eterno dourar de pílulas.
Celso Pita que se cuide (se é que ainda há condições) mas estão no pé dele. Cada alusão ao Pita é para passar um pito.
Algumas parcas notícias internacionais, o lengalenga de sempre do congresso e ao final chega-se à conclusão que vivemos no melhor dos mundos. :-( Por que será? Responda rápido:
Não nos interessa;
Não vivemos neste mundo;
Com o real somos mais felizes;
Opção por nada de notícias baixo astral;
Por amor.

· Compro O Estado no domingo. Já fui assinante. Com a morte do Francis e coincidência de final de assinatura não renovei. Com a perda do poder aquisitivo por não estar a laborar (fatores externos não permitem) fui perdendo as assinaturas de outras revistas e jornais.
Não foi tão ruim assim. Os jornais andam perdidos em meio a tanta informação. Nos dão as principais notícias, coisa que já soubemos pela televisão e ao vivo ou pela Internet. Como as notícias nos são servidas como pão amanhecido, caberia uma análise dos fatos principais. Pergunto-vos, há? A famosa regra do quando, como, onde e por que foi jogada no lixo? Se o Iraque está na iminência de sofrer um novo ataque seria interessante comentários, análises diversas e conflitantes, de historiadores, políticos, comentaristas. O leitor que forme depois sua opinião. Se Paulo Coelho e livros esotéricos são os vendilhões do templo que se faça uma análise do porquê. Quando começou, onde, como, por que? Creio que para a sobrevivência dos jornais esta deverá ser a tendência. O jornal terá que ter opinião. Dispares, provocativa, que façam com que você, leitor hipócrita, pense.

· Subo o morro da Praia Vermelha em direção as torres de televisão. Dizus Craist! Nunca havia olhado lá de cima. Algumas belas casas em construção, o mar à direita e à esquerda. Descubro que há ainda muito verde nesta terra. Presto mais atenção e o que a vista me permite (6 graus de miopia) enquadro alguns prédios. Os horrendos prédios circunvizinhos ao verde. Na Praia Grande perto ao morro um emaranhado de predinhos de quinta categoria. Pelo lado do Itaguá mais alguns surgindo e se espraiando. Esses açougueiros da construção não têm limites? Não há lei que coíba essa insânia? Os senhores vereadores já subiram o morro? Se não, seria bom que levassem os filhos para poderem dizer: "meu filho, um dia isso tudo será seu." Não me perguntem o que os nobres vereadores irão mostrar.Fim do texto.

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