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Ano 1 - Nº 5 - Ubatuba, 15 de Fevereiro de 1998

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· Missão Impossível
Pedro Paulo Carpinetti de Souza
articulista@ubaweb.com

Durante 10 anos venho me dedicando à música. Com muito esforço, foram muitas horas de estudo, dedicação, disciplina e persistência.
Para sobreviver de nossa arte, tocamos em bares, casas noturnas, clubes etc. Durante a temporada de verão trabalhamos dobrado, pois, com o aumento de turistas na cidade, existe uma procura maior por música ao vivo. Mas, infelizmente, essa temporada não foi assim.
Houve a procura por parte dos comerciantes, empresários e dos turistas, mas fomos praticamente impedidos de trabalhar, pois em cada bar ou quiosque em que íamos tocar, a fiscalização da prefeitura mandava parar a música, por falta disso e daquilo. Chegou-se a falar que estávamos tirando a tranqüilidade dos lugares onde tocávamos, com o "barulho" de nossos instrumentos e equipamentos.
Gostaria, apenas, de saber se os quase 25.000 watts de potência, no mínimo, utilizados pela prefeitura para a realização dos shows de verão não incomodaram ninguém. Moro há, aproximadamente, 2 km de distância do aeroporto (local do evento) e fui obrigado a escutar todos os shows até as 3 horas da madrugada.
Não tenho nada contra a realização de shows na cidade, pelo contrário, mas por que só a prefeitura pode fazer seu "barulhinho", quando e onde quiser? Além disso, a prefeitura não colocou nenhuma banda local para fazer a abertura dos shows. E, não digam que foi por falta de opção, pois existe na cidade, no mínimo, duas bandas de pagode, de qualidade.
Onde estão os órgãos responsáveis em apoiar a cultura em nosso município?! Será que existem?... Que apoio dão ao músico profissional para que ele tenha cada vez mais oportunidades de mostrar seu trabalho?
Durante dois anos fui professor de violão na FUNDART e pude ver que a única preocupação é com os que estão começando, esquecendo-se dos que já estão no mercado tentando ganhar seu sustento.
Quando nos chamam para tocar em algum evento, querem nos pagar uma ninharia, quando pagam, alegando que não somos conhecidos, que não somos profissionais etc.
Infelizmente, cada vez mais, os espaços para o músico trabalhar em Ubatuba estão se reduzindo, se é que eles ainda existem, além do descaso e a falta de respeito dos órgãos competentes (?) em apoiar a cultura. Apenas uma coisa esta se tornando realidade: é praticamente impossível ser músico em Ubatuba!

NOTA DO EDITOR: Pedro Paulo Carpinetti de Souza, 25, é professor de guitarra e violão. Também é guitarrista da banda Malazartes.Fim do texto.

Foto da Edição
articulista@ubaweb.com

 
· Viola Caiçara
    Foto: Pedro Paulo Teixeira Pinto

Viola Caiçara - Foto: Pedro Paulo Teixeira Pinto

Minha viola de pinho
Cavalete de canela
Ela chora nos meus braços
E eu choro no braço dela.

VERSOS DE DOMÍNIO PÚBLICOFim do texto.
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