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Ano 1 - Nº 6 - Ubatuba, 15 de Março de 1998
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· Poesias
    Settembrini
    articulista@ubaweb.com

Marinheiro

Dentro da noite
meu quarto, concha,
minha sala, ilha.
Reconstruo de ruínas
e uma sereia negra
canta um blues
para os náufragos
da modernidade.
Um enfastiado
lasso de eficácias,
raso de resultados.
Recolho na areia
pertences encalhados,
objetos, destroços,
bugigangas dissolutas,
ofícios de alma puta.
Discos riscados,
livros impotentes,
fotos esmaecidas,
revoluções, utopias,
sonhos, fantasias
e outras inutilidades.
Deito-me a bordo
deste sofá, ancorado
na friagem da sala,
refugio-me da tempestade
e entro pela madrugada
até o alvorecer
de ressaca.
Novembro/96Fim do texto.

Velho Pescador

Este velho
é o último
caiçara
nesta cidade
desiludida.

Calado,
impassível
em seu canto,
vê da janela
passar o tempo
e a rua.

No silêncio do quarto,
o velho pescador,
sentado sobre os calcanhares,
tem nas mãos ressequidas
do oceano a sabedoria
das superfícies
e das profundezas.

Taciturno
na escuridão da cela
ele me fala
por mil olhos
e bocas.

Anoitece
e um vento traz da cidade
o agridoce dos suores
e trespassa melancólico
as ruas asfixiadas.
Em seus olhos marejados
navega valente canoa
rumo ao horizonte,
lá, onde o mar e o céu
se acasalam para gerar
eternamente os dias.
Novembro/97Fim do texto.

· São Sebastião - SP
   Resumo Histórico
    Guia Rio-Santos Tour
    mkm@iconet.com.br

Canhões defendiam a cidade dos ataques pelo mar, no Brasil Colônia. Protegida pelo canal, São Sebastião prosperou, preservando parte de sua arquitetura colonial.

Praia do Camburi na Costa Sul - Foto: Elias André Em 1969, técnicos do Patrimônio Histórico realizaram um levantamento arquitetônico de São Sebastião, que levou ao tombamento de sete quadras no Centro, chamado "histórico" e de alguns bens isolados: a igreja Matriz, a capela de São Gonçalo, o prédio da Câmara e Cadeia, convento franciscano de Nossa Senhora do Amparo e a casa da praça do Fórum. Assim, parte do testemunho histórico dos séculos XVII e XVIII permaneceu intacto.

A cidade sempre viveu do mar. Para escoar suas riquezas, no tempo da colônia. Para atrair os turistas, nas últimas décadas. O Arquivo Histórico Municipal de São Sebastião guarda documentos antigos. O mar servia ao escoamento da produção de açúcar e café.

Com o declínio destas duas atividades, a população caiçara passou a viver da pesca artesanal e da venda de bananas, utilizando canoas de voga que vinham de Santos e circulavam em toda a região.

O transporte na região foi feito também, até no início do século, pelos pequenos vapores da Cia. de Navegação Costeira e Lloyd Brasileiro. A via marítima ainda foi muito usada até a década de 30, quando foram abertas as primeiras estradas no litoral norte paulista.

O planalto era conhecido pelos índios graças a suas trilhas. Sabe-se que as mais utilizadas eram as trilhas do Rio Grande e do Ribeirão do Itu, ambas situadas em Boiçucanga. Quando as tropas surgiram na região, trazendo mercadorias de fora e levando peixe seco, as trilhas foram ocupadas e alargadas, ainda no século XVII. Originaram estradas atuais, como é o caso da rodovia São Sebastião/Bertioga e da antiga "Estrada Dória", conhecida hoje por Rio Pardo, que ligava São Sebastião a Salesópolis, em 1832.

Rua da Praia no Centro Histórico - Foto: Elias André O acesso para o Litoral Norte, mais precisamente para Caraguatatuba, já se fazia desde 1805 pelo caminho explicado décadas depois no Projeto de Lei do deputado estadual Manoel Hipólito do Rêgo: "partindo de Paraibuna descia no canto da praia, correndo daí pela chamada estrada da marinha, até São Sebastião, atravessava um trajeto de 4 léguas ou 22,2 quilômetros até a antiga vila".

Foi este projeto, aprovado em 13 de dezembro de 1929 pela Câmara dos Deputados, o responsável pela "redenção" do Litoral Norte. O deputado de São Sebastião conseguiu que um sonho virasse decreto: "fica o poder executivo autorizado a construir, no porto de São Sebastião, um molhe para atracação de vapores, bem como uma estrada de rodagem para automóveis de Santos a Ubatuba, pelo litoral, com dois ramaes para o interior: - um, do ponto mais conveniente, no município de S. Sebastião, ou no de Caraguatatuba até á cidade de Parahybuna; outro, de Ubatuba a Taubaté".

Até o início da década de 80, os carros tinham que passar em alguns trechos dentro de praia, como em Santiago, Boracéia, Baleia (18 km), mas apenas quando a maré estava baixa. O presidente Figueiredo terminava seu governo, e quis deixar concluída a Rio-Santos. E o fez, às pressas, desviando o traçado original, abandonando viadutos no meio da mata, alguns de 50 metros de altura por 250 m de comprimento.

Em 1961 começaram as obras de oleodutos do Tebar (Terminal Marítimo Almirante Barroso), que perduraram até 69, ligando São Sebastião a Santos, Cubatão, Paulínea e Capuava. Em 1968, o petroleiro norueguês Bjorgfjell realizou a primeira operação de atracação no pier, inaugurando o terminal com o bombeamento de petróleo cru trazido do Iraque.

As estradas continuaram sendo a espinha dorsal para o crescimento da Petrobrás, que aqueceu a economia do município ao atrair comércio e serviços para suprir as necessidades de seus funcionários.Fim do texto.

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