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COLUNISTA
Deusdith Velloso
15/04/2012 - 10h20
Prêmio Franco Montoro
 
 

Aproveito a oportunidade que Ubatuba está recebendo o prêmio Franco Montoro, anunciado no Jornal A Cidade, para contar um fato que aconteceu quando ele era governador de São Paulo.

Nesta época, eu era professora da Rede Pública Estadual e participava de movimentos pela democratização do nosso País e acreditava que São Paulo tinha escolhido o melhor candidato entre os que se apresentaram naquele pleito.

Enquanto professora, me incomodava muito saber que a contagem do tempo de serviço de um professor não acontecia de forma normal. Isto é: se ele iniciasse o seu trabalho no dia 20 de janeiro do ano x no dia 20 de janeiro do ano seguinte ele não completava um ano de trabalho.

Para ficar mais claro o assunto, devo explicar como isto acontecia. Cada governo que entrava, determinava que o tempo de serviço dos professores seria contado em dias trabalhados. Isto queria dizer que domingos e feriados não se trabalhava, então não contava para efeito de qualquer benefício. Outros determinavam que o tempo de serviço dos professores seria contado em dias remunerados, assim eles não ganhavam os domingos e feriados se faltasse na 6ª feira ou na 2ª feira portanto não era contado para efeito de benefícios. Numa época que não havia informática nem Internet esta contagem era um caos.

Em conclusão, um professor para se aposentar com 25 anos de trabalho, dependendo de como funcionava a secretaria da sua escola, a contagem do tempo de serviço poderia ser mais ou menos eficiente e alguns tinham que trabalhar por vezes 35 ou 40 anos para contar 25 anos.

Percebi que as associações de professores não se interessavam por este assunto.
Conversei com alguns colegas de trabalho e consegui que fosse feita uma pesquisa com dez escolas para saber o seguinte: Se hoje sair uma Lei que determine a contagem de tempo de serviço em dias corridos, quanto tempo um professor terá que esperar para ter o seu tempo contado.

Pasmem! O resultado foi de no mínimo dez anos.

Diante desta pesquisa, solicitei uma audiência na ALESP - Assembléia Legislativa de São Paulo, com o líder do Governo que na época era o Deputado Luis Maximo. Ele me atendeu, entreguei a pesquisa, e prometeu marcar uma audiência com o Governador Montoro.

Avisada da data da audiência, comuniquei a outros colegas que também decidiram comparecer.

O Governador nos recebeu, ouviu as nossas queixas, e mostrou que já estava de posse da pesquisa, eu, então, me apressei em dizer:

- Sr. Governador, como o Sr. pode ver, se for assinada hoje esta lei, a mudança da forma de contar o tempo dos professores, somente acontecerá daqui há dez anos, quando então começarão a receber o benefício.

Ele nos respondeu:

- Eu não sou capaz de fazer uma lei que não haja recursos suficiente para pagar aquele gasto. Assim sendo eu prometo que irei estudar. Mas tenham a certeza que será considerado tudo que vocês colocaram aqui.

No último ano do seu mandato de Governador lá estava no Diário Oficial: A contagem do tempo de serviço do magistério será feita em dias corridos. Não havia, nesta época, a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas políticos sérios e responsáveis trazem a Lei na sua consciência.

Este foi um prêmio a todos os professores de São Paulo.


Nota do Editor: Deusdith Bueno Velloso, nascida em Ubatuba, é professora aposentada, formada em Letras e Pedagogia e Mestre em Comunicação Social.
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