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COLUNISTA
Rodrigo Ramazzini
16/01/2014 - 09h00
Amantes
 
 

Adailton e Janaína eram amantes. Encontravam-se sempre às quintas-feiras à tarde, que eram quando ambos tinham folga do trabalho e dos compromissos familiares. Conheceram-se na inauguração da loja de um amigo em comum. Como estavam com os respectivos companheiros, apenas trocaram olhares na oportunidade. A partir daí, guiados pelo desejo, o destino conspirou para que conseguissem entrar em contato um com o outro. Fazia seis meses que se relacionavam às escondidas, o que despertava uma carga de adrenalina nunca antes sentida pelo casal. A sensação de fazer algo “proibido”, “imoral”, em “segredo”, era o combustível que desencadeava em loucas e inesquecíveis transas e incontáveis orgasmos. Assim, ficaram viciados um no outro. Quase como um ritual, fechavam os encontros sempre depois que ele fumava calmamente um cigarro deitando na cama e ela bebericava um uísque. E, foi ao comentar o quão prazeroso tinha sido um desses encontros via mensagem de celular e com o objetivo de agendar um próximo que, por descuido, ele acabou esquecendo-se de apagá-la, ficando o rastro. A esposa pegou o aparelho durante um dos seus banhos e viu a mensagem. Foram descobertos.

Passaram as quatro semanas seguintes entre turbulentas discussões e separações dos seus companheiros até que conseguiram se reencontrar. Então, decidiram: iriam morar juntos, mesmo sabendo que enfrentariam intensos comentários alheios. Mas, estavam convictos que a paixão entre eles venceria qualquer obstáculo.
Alugaram uma casa e juntaram as escovas. Os primeiros oito meses da união foram maravilhosos e as loucas transas permaneceram intensas. No entanto, a partir daí, os problemas de convivência, manias e os defeitos um do outro, que até então eram relevados, foram se acentuando e começaram a desgastar a relação. Surgiram as brigas, as cobranças e discussões. Depois dois anos de relacionamento o sexo passou a ter data marcada no calendário.
Foi então que tudo começou a mudar na vida do casal. Era um sábado e Adailton participara de uma palestra organizada pela matriz da empresa em que trabalhava e suas respectivas filiais. Assim, conheceu Maíra, uma bela morena de seios fartos. Logo, a nova colega de trabalho aflorou os “instintos masculinos de predador” de Adailton. As lembranças do início da relação com Janaína vieram em seus pensamentos. Precisava sentir aquela sensação de adrenalina novamente correr em suas veias. O “proibido” era o seu vício. Não demorou muito para começarem a terem um caso.
O fato de ter duas mulheres deixou Adailton com a autoestima elevada, mas com a responsabilidade de “fazer bonito” em casa e fora. Isso refletiu positivamente no relacionamento com Janaína, que no mesmo instante passou a responder a empolgação dele com belas noites de sexo, em uma espécie de “recordar” dos velhos tempos.
Após seis meses neste triângulo amoroso, em certa tarde de quinta-feira no motel, com a bela Maíra deitada aconchegantemente sobre o seu peito, Adailton fumava um cigarro como se o tempo parasse a cada tragada, foi quando, sem ter um motivo aparente, Maíra lhe questionou:

- Como está à relação com a tua mulher?
- Boa! Muito boa!, respondeu sem pensar muito.

A pergunta lhe fez refletir sobre a relação com Janaína. Fazia tempo que não pensava sobre o assunto. O relacionamento estava estranho, mas, curiosamente, tinha melhorado nos últimos tempos. Estavam tratando-se com mais carinho e atenção para a rotina, com os dois querendo saber o dia a dia um do outro. As brigas praticamente cessaram. Tinham voltado quase à época em que eram amantes. Então, caiu-lhe a ficha sobre o motivo para essa melhora repentina ao relembrar o próprio passado do casal:

- Ela tem outro!

Enquanto isso, em outro motel da cidade, Janaína bebericava um gole de uísque depois de um sexo selvagem com o amante e dizia para sim mesma pensando em Adailton:

- Eu sei que ele tem outra!


Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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