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14/09/2009 - 07h08
Ubatuba: "O vereador quer dar?"
Elcio Machado
 

Julinho,

Faço referência a O efeito da vaca deitada.

Não o conheço. Aliás, conheço muito poucos caiçaras, visto que cheguei há pouco de fora, para usar, male-má, a sua linguagem arrevesada. No entanto, sinto-o interlocutor de longa data, amigo até, próximo que me sinto da tribo dos Bebe, ainda que só socialmente. Tive dificuldade em juntar os cacos e ler toda a história do Descobrimento do Brasil (para rimar, gargalhadas mil!), porque os títulos não descrevem a sequência (fosse nos áureos tempos da língua pré-acordo ortográfico o uso do trema seria soberbo: "seqüência"!). E cheguei, então, à presente postagem, sobre "O efeito da vaca deitada". Preocupou-me, a análise. Bem entendido, sei que quem nunca toma mel quando toma se lambuza. No entanto, alguns dos projetos por você anunciados como alvissareiros cheiram bem a demagogia, convenhamos.

Um deles me intrigou muito: "Projeto de lei que cria ’O vereador quer dar’. Trata-se de lei que propõe a cada vereador destinar 30% de seu salário, a entidades ou grupos culturais que queiram promover a arte entre jovens da cidade." Ora, Julinho, lei nenhuma proíbe vereador de dar. Dê o quanto quiser, dentre seus bens disponíveis. Jamais alguém, vereador ou não, esteve proibido de dar. No entanto, obrigá-lo a dar pode ter efeitos deletérios. Lei, se for para não ser cogente, lei não será. Apenas um arremedo, uma daquelas feitas "para não pegar". Ou dá, e a isso será obrigado, ou não dá, e ninguém poderá obrigá-lo. Dá quem quer, para quem quiser. Tomo-me como exemplo, tomo as dores dos mais velhos: já pensou que eu, que nunca dei, resolvo dar e gosto, aos quase sessenta anos de idade? E então descubro que perdi mais da metade, na verdade quase a vida toda, sem dar e sem saber o prazer que significa dar? Protesto. Não gostaria que me obrigassem a dar.

Agora falando sério, eu queria não falar... (só para citar Buarque, o Chico da ilustre família). Ainda que compreensível dentro do conceito da Realpolitik, a apropriação compulsória de um dízimo (um terço seria mais para trízimo...) não parece ser viável, nem justa. Um conhecido partido político, hoje (quase, pois se perdeu na malha das alianças) no poder, instituiu os 30 por cento compulsórios, porque partido desendinheirado, de proletários, para se contrapor a, entre outros, partidos de banqueiros, endinheirados, aquelas coisas de demos, que verdadeiramente são (vide os sobrenomes pomposos, Bornhausen entre outros), mas foi alvo de uma verdadeira caçada pela mídia.

(Refaço, porque ficou, acho, incompreensível: Um conhecido partido político instituiu os 30 por cento compulsórios mas foi alvo de verdadeira caçada pela mídia.)

Por que? Porque de nada adianta doar (compulsoriamente, o que equivale a não doar, mas a ser espoliado) 30 por cento de seus subsídios pessoais se a máquina, de uma forma ou de outra, o alimenta através de valeriodutos ou artimanhas outras. Insisto: ou dá porque quer, ou não dá, mas jamais use, para dar, o (dizer ou não dizer, eis a questão... o cu) dos outros. Ou dá, voluntariamente, de seus próprios e, portanto, recursos próprios, ou não dá. Os outros recursos seriam os públicos, os do povo, os dos contribuintes, os meus, os seus, os nossos. Se for assim, melhor melhorar para tornar melhor a lei: reduza-se em 30 por cento o percentual destinado ao Legislativo, criando-se vinculação: dos (entre 2% e 4,2%, faixas usuais, e, confesso, porque cheguei há pouco de fora, não sei quanto é em Ubatuba) percentuais previstos para o legislativo, do orçamento municipal, a parte retirada será destinada exclusivamente a "entidades ou grupos culturais que queiram promover a arte entre jovens da cidade."

Julinho, convenhamos, a proposição, mesmo assim, é falha. Querer é uma coisa, assumir o compromisso de fazer é outra, e fazer efetivamente é outra ainda. Quer promover? Promova! Quer promover com meu (seu, nosso, do povo) dinheiro? Promova, mas defina a quem, previamente, e me (a mim, a nós, ao povo) preste contas. Isso abre outra interessante questão, em vista da 5ª Caiçarada. Quais seriam as "entidades ou grupos culturais" que queiram, e mais do que queiram, promovem, a arte entre os jovens da cidade? Você m’as (me as) pode citá-las? Devagar com o andor, porque o santo é de barro, Julinho. Ainda mais se o andor for carregado pela tribo dos Bebe, à qual, afirmo afirmativamente, bem afirmado: pretendo intregrá-la, se tal honra me dada for.

Abraço

Elcio Machado, quiçá Elciobebe
elciomachado@ubaweb.zzn.com

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