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22/09/2009 - 11h04
Ubatuba exibe folclore e cultura caiçara
Elcio Machado
 

Em Ubatuba (SP), o pequeno auditório da Fundart, no Sobradão do Porto, sábado, dia 19 de setembro de 2009, foi o palco para o lançamento de "O Auto do Boi de Conchas", pelo Grupo Folclórico Alegórico O Guaruçá. Trata-se de um fascículo de primorosa realização gráfica, que inclui um SMD grátis, ao preço de R$ 6,00. O Grupo, sob a direção de Julinho Mendes, optou por contar uma breve história de suas realizações, antes de apresentar parte do conteúdo musical e visual do Auto, texto do próprio Julinho, que fala sobre nascimento, vida, morte e ressurreição do Boi de Conchas.   Pouco mais de 120 pessoas presentes, grande parte familiares e fiéis admiradores do trabalho do Grupo O Guaruçá, o pequeno auditório ficou lotado, propiciando uma interação imediata entre os músicos, cantores, atores brincantes e folcloristas de um lado, e a entusiasmada plateia de outro. O ambiente era favorável, decorado com alegorias, estandartes e motivos que contavam um pouco da história das formas de expressão de O Guaruçá - cujo nome deriva da revista eletrônica homônima, no site www.ubaweb.com -, como Bloco Carnavalesco, Folia de Reis, as alegorias para a Festa do Divino Espírito Santo, e, especialmente, o Grupo Folclórico embasado na cultura caiçara - e caiçara é o povo do mar, gente da serra é caipira. No entanto, como a cultura popular não tem fronteiras rígidas, o próprio Auto do Boi de Conchas é a integração entre essas gentes, a lenda do boi que, nascido no alto da serra, conheceu o mar, onde morreu e, ressurreto, é visão para quem toca ou canta na beira da praia.

A introdução histórica do grupo se deu através de um seleto resumo musical e visual dos cinco anos de sua existência, a partir do movimento Pirão Geral de 2003. O trabalho musical apresentado foi primoroso, revelando maturidade e um acurado cuidado com os arranjos, com especial destaque para o emprego da percussão e do coral de vozes femininas, cuja harmonia e impecável senso de integração ao espetáculo demonstram cuidado técnico que não se alcança do dia para a noite. Os atores brincantes, do idoso Ferrinho à menina Maria Fernanda, fizeram composição, com suas alegorias, volteios e expressões,  com o todo musical em palco, revelando a essência da proposta folclórica do Grupo.

A linguagem, como diz a própria descrição no fascículo, é contemporânea. A cultura popular não é estática, imóvel, com cheiro de mofo de museu tradicional. É ágil, viva, dinâmica, como o cheiro acanelado das folhas espalhadas no pequeno auditório. A par da pureza e ingenuidade das lendas, está um criterioso trabalho artístico que certamente consumiu horas de pesquisa, ensaio, confecção das alegorias, mas, principalmente, uma visão lúcida dos objetivos e dos caminhos a seguir. O todo integra a tradição oral, muito frágil e que somente sobrevive da voz do avô para os ouvidos do neto, à percuciente observação do que ainda é resgatável e aquilo que integra o novo da cultura. O próprio ratambufe, apresentado no espetáculo, criação caiçara recente - se considerarmos que a história de Ubatuba remonta ao descobrimento do Brasil pelos europeus -, mostra essa dinâmica.

As lendas retratadas pelo Grupo, entre as quais a metade dragão, metade serpente da Gruta que Chora, fazem contraponto ao contemporâneo, à redescoberta de Ubatuba como a terra dos pássaros, observáveis e fotografáveis, à nova e lendária realidade do tangará dançador, pássaro símbolo da cidade e que, na expressão de O Guaruçá, é um pássaro abençoado: quem o vê e ouve é tomado por uma alegria contagiante, irreprimível!

O que disso resulta de importante não é só para agora, o deleite acessível hoje a partir dos espetáculos e do SMD de O Guaruçá. É, certamente, referência e fonte de pesquisa, perenizada em meio digital, para as gerações imediatamente futuras, e aquelas futuras de longo prazo, que nossa escassa sobrevida só permite imaginar. Ao retratar, reproduzir e preservar a cultura caiçara, o grupo O Guaruçá está, ele próprio, produzindo cultura e fazendo a história do povo caiçara.

O Grupo Folclórico Alegórico O Guaruçá tem endereço na internet. É necessário ter uma conexão de internet rápida (coisa rara na própria Ubatuba, onde os excluídos digitais abundam), mas vale a pena conferir e ouvir as faixas de O Auto do Boi de Conchas, disponível em www.oguaruca.com.

Elcio Machado, 55, é recém-ingresso na tribo dos Bebe, caiçara em construção (elciomachado@ubaweb.zzn.com).

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