O menino conhecido como Felipinho "do Teleton" e José Luiz, paciente da AACD, são exemplos.
No primeiro dia de aula, Trevor, um garoto de 13 anos, recebe de seu professor uma tarefa de casa um tanto quanto estranha: pensar em alguma coisa que transforme o mundo em um lugar melhor para se viver e pôr a idéia em prática. Entusiasmado com o desafio, o menino bola um sistema que denomina de "pague adiantado". Segundo sua idéia, cada pessoa teria de realizar três boas ações para alguém e, em troca, pedir a essas pessoas para fazerem o mesmo e assim por diante. Esse é o belo roteiro do filme "Corrente do Bem" (Pay it Foward), do diretor norte-americano Mimi Leder. Porém, no Brasil, esta ficção tornou-se realidade. Em ato de plena fraternidade, um menino de apenas sete anos de idade junta todas suas economias com único objetivo: ajudar os portadores de deficiência física. Felipe Ventura, mais conhecido como Felipinho do Teleton, é quem dá este exemplo de solidariedade. Tudo começou em 1999, na segunda edição do Teleton, quando Felipe viu pela televisão os apresentadores Silvio Santos e Hebe Camargo pedindo a colaboração das pessoas, pois o tempo estava se esgotando e faltavam quase três milhões para atingir a meta. Sensibilizado, o pequeno garoto apanhou seu cofrinho e contou suas moedas, que somavam R$ 75,00. Com ajuda de seus pais, dirigiu-se aos estúdios da TV Cultura - onde estava sendo realizado o evento -, e disse que gostaria de colaborar. Em instantes, Felipinho estava no palco com Silvio Santos. Desde então, Felipe, hoje com 13 anos, contribui para o Teleton com seu famoso cofrinho, que, no ano passado, com a ajuda dos pais e de seu avô, somava R$ 2.750.00. A atitude e o carisma do garoto fizeram com que a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) o condecorasse com medalha de honra ao mérito e o convidasse a realizar palestras em escolas, nas quais ele relata sua experiência como doador ativo do Teleton. Felipe conseguiu, como no filme, passar adiante sua idéia, sensibilizando muitas pessoas a montarem seus cofrinhos. "Se todo mundo doar um pouquinho, não vai fazer falta e quando atingir a meta todos vão sentir uma grande satisfação, igual à que sinto todos os anos. E quando virem os hospitais prontos, ficarão muito felizes", declara Felipinho. Cofrinho solidário Outro exemplo de solidariedade é o caso de Jose Luís Soares de Lima, de 11 anos, paciente da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), desde os oito meses de idade. Em 1998, ele começou a somar economias para o Teleton. "Estou ajudando as pessoas que realmente precisam e ajudando a mim mesmo", explica José Luis, que não tem as duas pernas e o braço direito, pois nasceu com má formação congênita. A sétima edição do Teleton será realizada nos dias 19 e 20 de novembro, com programação de 27 horas, ao vivo, transmitida pelo SBT, e a expectativa é de ultrapassar a renda atingida no ano passado. Promovida no Brasil desde 1998 pela AACD, a maratona televisiva já possibilitou ampliações e melhorias no atendimento a milhares de portadores de deficiência física, como o Centro de Reabilitação em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense (RJ), com capacidade para 230 atendimentos por dia, construído com a verba do Teleton de 2003 e inaugurado em setembro último.
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