Numa conversa com uma amiga jornalista, numa época qualquer, ela me confidenciou uma superstição que ela conheceu e viveu. Fiquei abismada com o relato dela. Uma vez que essa superstição se concretizou e virou fato em sua vida. Era uma seqüência de discussões, doenças, e mortes que se apoderou de sua família.

Se ela por ventura ler o que agora escrevo, saberá que tudo aquilo que me contou a respeito de uma casa na esquina, hoje posso observar e testemunhar como sendo verídico.

As informações passadas por essa minha amiga era que, nunca compraria uma casa na esquina para morar. Segundo ela todas as energias fortes que seguem a rua em uma direção, se cruzam na esquina. Os choques dessas duas correntes energéticas emitem fagulhas, destroços, que encalham nas pontas dessa esquina. Quando encontra uma casa habitada com outras energias diversificadas, vira uma bomba, que vai explodindo aos poucos, muitas vezes transborda todo tipo de desgraças.

Acredita ela que uma casa de esquina pode ser um excelente ponto para comércio. Pois as energias não se acumulam. Cada ser energizado ou não, que freqüenta o local dispersa ou leva consigo um pouco do acumulado da energia depositada na casa de esquina. Gostaria muito de contar a história de minha amiga jornalista, e o que ela viveu na casa de esquina em que morava com sua família. Mas não tenho essa permissão.

Mas foi através dessa conversa que comecei prestar mais atenção nas casas de esquina.

Não sei porque cargas d’água, presencio diariamente uma casa construída em uma esquina dupla. Quero dizer, a tal casa faz um vértice nas duas ruas paralelas. Seu começo é numa bifurcação. Ela então é o alvo central de tudo quanto é energia, causando em seus moradores um alvoroço geral. Uma neurose coletiva que tem como causa a falta de respeito e consideração com o outro e consigo mesmo que é notório. Parece que eles não estão nem aí com seu comportamento extremamente fora do comum que agride, incomoda, e suga a paz e o sossego de toda a vizinhança.

Energizados com toda a espécie de correntes, acham que podem fazer tudo que lhes der na telha.

Aquele amor ao próximo que tanto pregou Jesus, e outras almas iluminadas inexiste. Primeiro eu e depois eu também.

São mentes perturbadas que passam todas as sagradas horas do dia dado por Deus a todos os as seus filhos, atormentando a paz de seus vizinhos com o som alto, gritos, berros e balburdias de enlouquecer. São seres que não têm o mínimo de recato, uma vez que suas intimidades são discutidas na rua para todo mundo ouvir.

Um amigo discordou destas teorias quanto a energia negativa acumulada numa casa de esquina. Afirmou que tudo isso é uma amostra da falta de educação e ignorância que assola nossa época, onde a globalização fez do mundo uma grande torre de babel. Todo mundo pode tudo. E disse, que pior que a miséria financeira é a miséria educacional. A educação nos ensina a ter decoro, a ser gentil e a respeitar o outro como sendo a gente mesmo.

E por mais que a gente tome um partido a respeito, sempre fica uma desconfiança.

Só sei que a casa de esquina que conheço, agora está “bombando”.

Numa terra de ninguém, só me resta esperar ver o estrago que esta tempestade vai deixar.

A casa de esquina está a deriva. Somente uma força maior pode, qualquer dia, qualquer hora, ensinar como se vive em paz em sociedade.

Até lá morreu o Neves.