Ricardo Stuckert / PR      Cerimônia de lançamento da Proposta de Implementação dos Objetivos do Milênio, nas comunidades de Madureira, Oswaldo Cruz e bairros adjacentes.

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou dia 5 (sexta-feira) cerca de 9 mil pessoas à quadra da Escola de Samba Portela, que ficou lotada, em Madureira, subúrbio do Rio. O presidente participou do lançamento do projeto da Organização das Nações Unidas (ONU) de Implementação dos Objetivos do Milênio nas Comunidades de Madureira, Oswaldo Cruz e bairros adjacentes e teve um encontro muito descontraído com o sambista Zeca Pagodinho.

Lula e a Primeira Dama, D. Marisa, foram recebidos pelo presidente da Escola, Nilo Figueiredo e cumprimentados pelos integrantes da Velha Guarda da Portela. O presidente recebeu do compositor Monarco um chapéu e um CD que ele acabou de lançar e retribuiu com um abraço. Muitos integrantes da escola quiseram tirar fotos com Lula, que teve também que dar autógrafos. Depois o presidente foi para o palco, onde descerrou uma placa alusiva à sua visita e recebeu do cantor Zeca Pagodinho uma réplica em tamanho menor.

O presidente República ganhou ainda uma bandeira da Portela e, em homenagem à Escola, beijou o presente, em um gesto que costuma alegrar os simpatizantes das Escolas de Samba. Descontraído, Zeca Pagodinho alertou: "O presidente quer ouvir samba, por favor, o presidente quer ouvir samba."

Houve apresentação da Velha Guarda da Portela, de Zeca Pagodinho e da cantora Marisa Monte. Os dois cantaram "Foi um rio que passou em minha vida", do compositor Paulinho da Viola. Depois Zeca fez um improviso nos próprios versos do samba que compôs "Deixa a Vida me levar", que marcou a conquista do penta campeonato da Seleção Brasileira e cantou "Deixa a vida me levar, Lula leva eu" para o presidente, que, do palco, sorriu e aplaudiu.

Outras homenagens ainda aconteceriam. Quarenta ritmistas da bateria da escola fizeram uma apresentação especial com o samba enredo do carnaval de 2005, que fala das Oito Metas do Milênio e apresentaram uma novidade que precisou de algumas horas de ensaio durante os últimos dias, segundo Loy, um dos diretores da Bateria. Eles fizeram as famosas "paradinhas" no andamento do samba e gritaram o nome do presidente repetindo as improvisações com os nomes Portela e Brasil.

Emocionado e com lágrimas nos olhos, Lula agradeceu e fez um comentário com D. Marisa. A apresentação da bateria contagiou também o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim que sambou com D. Dodô, de 84 anos e que já foi porta-bandeira da Portela. No carnaval deste ano, ela desfilou como madrinha à frente da bateria, mas em 2005 virá abrindo o desfile. D. Dodô gostou do parceiro no samba, mas revelou que não sabia que tinha dançado com um ministro. "Ele é ministro?", indagou.

Na saída, Lula foi muito aplaudido e, segundo o presidente Nilo Figueiredo, prometeu voltar e, se despedindo teria dito: "Até o Carnaval". Para Figueiredo, a visita do presidente da República terá reflexos para o samba do Rio. "Isso tudo é importante para a Portela, para todas as escolas de samba, para o carnaval e para o turismo do Rio de Janeiro", disse o presidente da Portela. E o samba continuou na quadra, porque era sexta-feira e estava apenas começando o fim de semana em Madureira.

O presidente Lula estava acompanhado na visita pelos ministros do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias e das Relações Exteriores, Celso Amorim, da secretária especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, e da secretária especial de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.