Outro dia escrevi um artigo intitulado “Eu troco sim o meu voto por mais dinheiro” no qual argumentava que todos nós votamos em troca de um melhor orçamento doméstico, afinal pagamos por serviços que constitucionalmente deveriam ser gratuitos e de qualidade, como as escolas, por exemplo, ou a seguridade social e a saúde. Tivemos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, seguidos de oito anos de Lula. Agora, um e um novo governo prepara-se para assumir o País. E as perguntas que faço são: sua vida mudou? Você parou de pagar a escola de seus filhos, pois já existe uma escola pública capaz de ajudá-lo a ingressar em uma boa universidade? E o seu plano de saúde? Você poderá parar de pagá-lo, pois será atendido com diligência e competência na rede pública? Ou, então, sua aposentadoria no INSS será suficiente para te prover dignidade na terceira idade? Para todas as questões, a resposta óbvia é NÃO. Ou seja, desde sempre, muda-se o governo e, efetivamente, nada muda. É verdade que o cenário melhora aos poucos em maior ou menor grau. E, muitas vezes, quando as melhorias ocorrem, decorrem muito mais do esforço dos indivíduos que de governantes. Arrisco-me a dizer que um governo começa a ser bom quando não atrapalha. Há hábitos governamentais, como o de cobrar impostos, por exemplo, que remontam práticas medievais. Houve um tempo em que a primeira noite de uma mulher era “direito” do senhor feudal. Hoje, isso parece um absurdo, mas, à época, era algo comum. Para o cidadão comum ter o direito de formar uma nova família, o senhor feudal poderia desfrutar da primeira noite com a recém-casada. Hoje, evoluímos muito, mas os laços familiares continuam sendo tributados. Com a desculpa de que os herdeiros devem trabalhar, o imposto sobre herança é cobrado pelos governos estaduais. Ou seja, quando alguém morre, o herdeiro pagará um percentual sobre todos os bens recebidos. Minha conclusão é simples: muda-se o contexto, mas as práticas continuam as mesmas. Por isso, se quisermos evoluir socialmente, é melhor nos educarmos para encarar a vida hostil tal qual ela se apresenta. No senso comum, a idéia de ‘melhorar de vida’ significa ter mais qualidade de vida e conforto. Para alguns, esta idéia passa pela conquista de mais bens materiais, enquanto que, para outros, esta centrada em mais saúde ou tempo livre para lazer. Uma vez que os governos são especialistas em maquiar práticas medievais nos dando a impressão de melhoria de vida - por exemplo, facilitam o acesso à compra de automóveis quando, na verdade, estão entupindo ruas de nossas cidades e nos tirando 2 a 3 horas por dia de nosso tempo de lazer, sugiro fortemente que o indivíduo cuide de si mesmo e de sua família. A educação financeira te ajudará neste caminho. Ampliando sua consciência sobre os fatos econômicos, financeiros e, por que não, políticos que nos cercam. Nota do Editor: Mauro Calil é professor e educador financeiro, fundador do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil&Calil (www.calilecalil.com.br).
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