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COLUNISTA
Elcio Machado
17/02/2011 - 10h04
Excursionistas, Saulo Gil, não turistas
 
 

Elogiei Saulo Gil algumas vezes, e, como disse em agosto de 2010, "Mantenho minha opinião de que o Imprensa Livre é o único efetivo jornal que atende a cidade e que Saulo Gil é o único jornalista com a competência necessária para ouvir, com isenção, o outro lado, seja qual for". No entanto, creio que Saulo cometeu um escorregão, em sua matéria sobre o "astronômico" (palavra usada pelo secretário de Turismo do município) crescimento de escalas de navios de cruzeiro em Ubatuba, 611%, segundo dados da Abremar - Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos, que até o ano passado se chamava Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas. É que a matéria cita que "no período 2010/2011, Ubatuba recebeu 72.497 turistas vindos dos navios transatlânticos". Excursionistas, Saulo, não turistas.

Desde 1963, quando a ONU realizou uma conferência sobre turismo e viagens internacionais, há uma pacificação entre os operadores profissionais do ramo sobre terminologias: de que visitante (quem se desloca a um país ou cidade diferente daquele onde tem sua residência habitual, desde que não seja para exercer profissão remunerada) é um gênero do qual são espécies o turista e o excursionista. O turista é o visitante que permanece pelo menos 24 horas no local visitado, ou seja, pernoita, e cujo motivo da viagem seja lazer, negócios, congressos, seminários, visita a familiares. Ainda que admitida a genérica classificação "negócios", não se enquadra nessa classificação quem vai ao local para exercer diretamente profissão remunerada: o vendedor de varejo, o vendedor de temporada (acarajé, prato feito, "artesanato"-padrão, tatuagem de hena, canga e chapéu de praia, e etc. e etc.). E excursionista, o visitante temporário que permanece menos de 24 horas no local visitado, ou seja, não pernoita. Entre estes incluem-se os excursionistas dos ônibus de excursão, aqueles que "aportam" no terminal do Perequê-Açu, e os navios de cruzeiro, que "aportam" no inexistente porto transatlântico do Itaguá. Há quem, maldosamente, chame ambos de "pau-de-arara", reservando a explicação "flutuante" para os transatlânticos de cruzeiro de cabotagem.

Que o secretário de Turismo, que aparenta entender pouco do ramo, e que o prefeito Eduardo César, que gosta de praticar o marketing ufanista, falem em "turista" quando se trata de excursionista, ainda que não justificável, é compreensível. Mas o jornalista empregar o vocábulo técnico inadequado não é justificável, e só seria compreensível num contexto de cooptação, que não parece ser o caso.

"Se em Ubatuba, o mercado cresceu 611% na última temporada, em Ilhabela, o movimento de navios transatlânticos caiu 8,92%. Apesar de a diferença parecer significativa, o arquipélago ainda recebe quase o quádruplo de passageiros a mais do que Ubatuba.", diz a matéria de Saulo Gil. Vítima de sua própria análise da estatística considerada, foi obrigado a explicar que 600 e tanto por cento de pouco é pouca coisa. Mutatis mutandis, para usar o latinório encontradiço na seara da Segurança Pública, é o que diz o próprio manual de interpretação de dados estatísticos criminais da Secretaria dessa tal Segurança Pública, à época em que seu titular era nada menos que o atual e recente vítima de assalto secretário dos Transportes, outro Saulo, o Saulo de Castro Abreu Filho.

Diz o manual: "4) Cálculos de porcentagens e taxas com bases muito pequenas: uma porcentagem é uma relação que se estabelece entre uma das partes com relação ao todo, multiplicado por cem, e sua principal função é obter comparabilidade. É frequente encontrarmos manchetes alardeando aumentos elevados no percentual de crimes, que foram baseadas em números absolutos pequenos, transmitindo uma sensação de insegurança que nem sempre condiz com a realidade. Embora não seja obrigatória, uma regra de etiqueta estatística recomenda cautela no calculo percentual (literalmente, por cento) se a base for inferior a 100 casos e precaução redobrada com números absolutos inferiores a 30. Quanto maior a base, menores as oscilações percentuais. Também é errado manusear porcentagens como se fossem números absolutos e quando elas provêem de bases diferentes, não podem ser somadas ou promediadas."

Há a questão do custo para as embarcações: diz a matéria de Saulo que, "Segundo Colucci, em Ubatuba são cobrados R$ 2 mil enquanto na Ilha, por estar em um Porto Organizado, o valor é US$ 30 mil, sendo a maior parte em função da Praticagem". O que é Praticagem o Sidney Borges já explicou, ao responder a uma pergunta feita pelo Fernando Pedreira. E, nos comentários à postagem do Sidney, o leitor "Carlos. A.M." cita link para estudo da Abremar sobre os portos, mostrando pontos positivos e melhorias a realizar e mazelas a corrigir, nos piers de Ubatuba e Ilhabela, aquilo que ele cita como "A propaganda oficial, normalmente, "divulga o que é bom e esconde o que é ruim" ("ricuperando" uma frase antiga).".

Ainda sobre custos, Fernando Pedreira fala sobre as respostas que recebeu à sua pergunta, e que incluem interessantes observações sobre quantidade e qualidade.
 
Há mais a falar sobre navios. É bom lembrar que o "boom" de paradas de navios em Ubatuba começou por causa de problemas no interditado pier da Ilha Grande, no final de 2009. Mas, mesmo antes disso, Ilhabela, que tem capacidade para três navios simultaneamente em sua área de fundeio, discretamente apoiava o desvio de uma parte de sua cota de escalas para Ubatuba. É que, para Ilhabela, interessam os cruzeiros transatlânticos, navios que ficam dias fundeados, movimentando, em dólares e euros, a economia local, e não os mini-cruzeiros de cabotagem, que congestionam o pequeno espaço de circulação e fundeio da ilha sem retorno significativo em reais para a economia local.

Mas não foram só os navios que Ubatuba herdou devido ao desastre ocorrido em Angra entre os dias 30 de dezembro de 2009 e 1 de janeiro de 2010. Herdou também um evento chamado de "Super Verão", que, naquele fatídico verão de Angra, foi cancelado. Angra dos Reis tem uma Tribuna Livre, assim como a região tem o seu periódico em papel e virtual Imprensa Livre. E a Tribuna Livre de lá informou sobre o cancelamento. Para me repetir, "o super-hiper arrogante prefeito embarcou num empreendimento comercial de origem alienígena (isso não é crime), talvez encantado com o nome dado a ele: `Super Verão`".

Agora, na matéria do Saulo daqui, o prefeito de Ubatuba diz: "Quando iniciamos os trabalhos relativos aos navios, fomos vistos como sonhadores."

Continue sonhando, prefeito super-hiper arrogante, continue sonhando. E nós, ubatubenses, ficaremos a ver navios de cabotagem.

Por final, mencionei o outro Saulo, que é o ex-secretário da Segurança Pública, atual secretário de Transportes e Logística do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho. Sobre ele e as lambanças do tucanato na Segurança Pública, falarei oportunamente, em texto do qual já tenho, ao menos, o título: "Policiais, Saulo, não vigias".


Nota do Editor: Elcio Machado (cidadania.e@gmail.com), 60, batizado como Elciobebe, sob as bênçãos e maldições de Cunhambebe, caiçara em construção. Mantém o blog Exercícios de Cidadania (cidadania-e.blogspot.com). Permitida a reprodução, desde que citados a fonte e o endereço eletrônico original.
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