A criação do Instituto Nacional de Cultura Popular é a principal iniciativa, na visão do ministério da Cultura, para se criar políticas públicas para a área. Segundo o sub-secretário de Identidade e Diversidade Cultural, Ricardo Lira, a criação do órgão se faz necessária já que não existe nenhum órgão público que trabalhe com a questão. "Seria a Funarte (Fundação Nacional da Arte) das culturas populares, trataria da manifestação artística porque a preservação é função do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)", explica.

A idéia é transformar o Centro Nacional de Cultura Popular (CNCP), coordenado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Instituto Nacional de Cultura, que sairia da coordenação do Iphan e passaria a responder ao ministério. "Ele cuidaria do folclore, artesanato e música por meio de intercâmbios, bolsas, prêmios e ações que fomentem o fazer", informa o sub-secretário.

Para o coordenador regional de Brasília da Funarte, Claudinei Pirelli, o órgão "vê com bons olhos a criação do Instituto porque a cultura popular carece de uma ação específica e particular", afirma. Segundo ele, "a Funarte trabalha com artes visuais, cênicas e música, não há uma ação própria para a cultura popular", explica.

A idéia surgiu das discussões feitas nas 14 oficinas realizadas em diferentes estados brasileiros para a criação de propostas para políticas públicas direcionadas à cultura popular. No sábado (22), ocorreu o penúltimo encontro em Brasília. "O ministro Gilberto Gil assimilou a idéia que hoje é uma proposta do ministério", ressalta Ricardo Lima. Para o sub-secretário, é preciso "um olhar especial do Estado pois não é uma cultura de mercado e, se não tem esse olhar, ela não consegue desenvolver suas possibilidades", diz. Além da defesa da pluralidade, "o processo de globalização tem se refletido muito no Brasil e prejudica a área", lembra.

A intenção é que o Instituto não seja um órgão protecionista, mas fomentador. "A proposta não é colocar debaixo do braço, mas manter a cultura popular com suas raízes por meio de incentivo e estímulo à produção", lembra Pirelli.