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Televisão
31/01/2014 - 10h00
Amor à vida: uma reviravolta triunfal e inesperada
Alexandre Bez
 

No gênero melodramático que é a matriz que compõe o estilo praticado nas novelas, impera o choro e as vibrações, a alegria, o sorriso, o suspense, o mocinho, a heroína e evidentemente o vilão.

Quem não se lembra da maldosa Rosa (Léa Garcia), a vilã que atormentava Isaura (Lucélia Santos), na novela Escrava Isaura? Ou da Maria de Fátima (Glória Pires), que parou o Brasil em Vale Tudo? E como não citar a Odete Roitman (Beatriz Segall)? E a Clara (Mariana Ximenes) de Passione? Em A Favorita, Flora (Patrícia Pillar) com toda sua obsessão interminável por Donatella (Cláudia Raia)? Laura (Cláudia Abreu) de Celebridade querendo a fama e o sucesso a todo custo? Raquel (Glória Pires) em Mulheres de Areia? Sua maldade não tinha restrições.

Impossível esquecer a Nazaré (Renata Sorrah) de Senhora do Destino, sua maldade saltava-lhe aos olhos. Yvone (Letícia Sabatella) em Caminho das Índias muito bem servida de ruindade e psicopatia. Mais recentemente, Carminha (Adriana Esteves) em Avenida Brasil, tinha respostas preparadíssimas. A dupla de psicopatas maldosas Wanda (Totia Meirelles) e Lívia (Claudia Raia) em Salve Jorge.

O que estes personagens possuem em comum? A psicopatia e maldade, unido a tramoias e tramas mirabolantes que as artistas emprestam aos seus papéis para interpretar cada papel. Inveja, desejo, fama e poder também não podem ser descartados.

Em Amor à Vida, o desprezível Félix (Mateus Solano) perdeu feio para os outros vilões da novela. Para entender a personalidade dos malvados da trama, temos que recorrer a sua psicogênese, ou seja, a origem de sua perversidade. Só assim poderemos ou não fazer uma análise precisa da dimensão de sua psicopatologia. Como dizia Freud, nada em psicologia é por acaso, tudo possui uma explicação plausível. Ou seja, todo o comportamento pode ser analisado através do estudo psicológico.

Usualmente psicopatas são frios. Não mudam o comportamento assassino e premeditado, composto de um nível altíssimo de periculosidade. Ações originadas pela psicopatia e perversão sexual, nunca retrocedem. Fica aí uma dica às autoridades para repensarem sobre a reformulação de um atualizado e novíssimo código penal.

Na novela, Félix de fato faz uma série de ações destrutivas, que poderiam remetê-lo a um dos piores postos na colocação entre os primeiros vilões da dramaturgia brasileira. Entretanto, ele só quer uma única coisa: Ser feliz, de acordo com a sua condição sexual. Porém, sempre foi coibido pelo pai, que com suas ações ferinas poderia ser mais um reforço ao time de vilões de Amor à Vida. Vale lembrar que sexualidade humana, repousa tranquilamente sobre as bases psicológicas dentre da nossa esfera cerebral. Portanto, nenhuma opção sexual pode ser condenada, julgada e/ou criticada.

Nossa esfera mental, de acordo com nossa história de vida, associações e identificações que irão determinar esse quadro. Félix tinha problemas assumidos com Paloma (Paola de Oliveira) não somente pelo apreço de seu pai com a moça, mas especialmente por ela ser mulher. Sua inveja era completamente escorada em motivos inerentes a sua personalidade. Motivos estes, corroborados pela nítida preferência pela irmã e pela não anuência aos seus sentimentos, vontades e desejos.

Félix praticamente nos deu uma aula de transformação ao longo desses oito meses. Transformação esta, que somente tenha sido possível porque sua classificação mental é neurótica, e jamais psicótica. Sua forma de agir sempre foi por sua repressão. Obrigado a representar algo que não era ele tem a naturalidade e alegria exacerbada de um bem humorado discurso. Com a repreensão e o desejo em ser aceito pelo seu pai sendo completamente negado, ele partiu com tudo para cima de sua irmã. Não que ele não gostasse dela, mas o amor preferencial do pai pela irmã sabotava sua essência de ser.

Nestas últimas cenas, estamos vendo o carinho com que ele trata as pessoas. Márcia (Elizabeth Savalla) que o acolheu, e tocou o coração do moço a ponto de ele dar metade de sua mesada a ela. O Niko (Thiago Fragozo), que ganhou o apelido carinho de Carneirinho. O zelo com a Mary Jane, seu arrependimento da caçamba e recentemente tirou das garras de Aline (Vanessa Giácomo), seu irmão caçula, tão maltratado por ela.

Pessoas com insanidade mental, maldosas ou psicopatas não conseguem ter esse tipo de atitude por mais falsas e dissimuladas que conseguem ser. Vemos agora a verdadeira identidade de Félix que se assumiu. Não tendo nenhum pecado nisso, independentemente do que qualquer doutrina religiosa venha a propagar. A sexualidade é de competência do aparelho psicoemocial e não subordinada a nenhuma religião. O personagem tem classe, não negamos sua ganância, embora ela tenha se atenuado. Seu humor negro, com suas piadinhas sarcásticas faz parte do seu caráter forte e definido.

Em nenhum outro vilão de novelas, vimos uma mudança tão triunfal e inesperada como o personagem do Félix. Portanto a condição de sermos aquilo que somos é necessária para nosso pragmatismo diário. Com isso, ele recebe a conotação de pseudo-vilão (falso vilão). Ele é o verdadeiro herói da trama global.


Nota do Editor: Alexandre Bez é psicólogo e escritor.

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