Nunca achei saudável tentar recompor o passado como se fosse o futuro, ou melhor, viver dele como se o dia de hoje não existisse. O saudosista, e em Ubatuba tem de monte, não passa de um chato, principalmente porque não quer ver o dia em que vive e o futuro que virá, sempre preferindo ficar nas lembranças daquilo que lhe foi oferecido nos dias de antanho.

Não é o caso da série de artigos editados aqui com o título "Construindo o passado", da lavra de Nenê Velloso, caiçara de ene gerações que teve o privilégio de começar sua vida laboriosa na Prefeitura do então prefeito Matarazzo, na área de projetos, naquele tempo chamado de desenhos. Por uma característica peculiar, memória de elefante e gosto pela sua terra, guardou todas as informações que passaram pelas suas mãos e hoje nos brinda com comentários sobre projetos viários, na época elaborados pelo querido amigo Roberto Norris Nielsen. É um repertório ambulante de trabalhos elaborados por quem entendia.

É saudosismo? Não é. É uma pequena amostra do que teríamos hoje se não fossemos governados por medíocres políticos que passaram a governar daquela época para cá. Perdeu-se uma oportunidade irreparável, nada mais restando que uma reflexão do que ainda pode ser feito, agora e para o futuro, esse sim, o que nos pertence e somos responsáveis por ele.