Escreve o competente Renato Nunes em "Bujão de gás": "... preservando dessa forma o território de Ubatuba como o pólo turístico remanescente do Litoral Norte?" Sem dúvida, a premissa, em tese, é irrespondível. Contudo, a situação de Ubatuba nos mostra seu meio ambiente natural sendo destruído há muitos anos, as encostas e mananciais invadidos e conspurcados, as favelas e "puxadinhos" proliferando, as edificações urbanas, em sua maioria, de aspecto horrível. Não há, ainda, que se desprezar o dado de que nosso índice de crescimento populacional é dos maiores e mais selvagens do país. Ubatuba, por mais que se queira, não está... "remanescendo..." Está no mesmo processo de favelização e destruição acelerados que Angra dos Reis, em sua parte continental. Das ocupações desordenadas, destrutivas e ilegais de encostas e mananciais, com destruição das áreas de proteção ciliar e contaminação das nascentes e das águas, podemos dar testemunho ocular, ao simplesmente passar pelas estradas e ruas. Aos madrugadores, há a possibilidade de testemunharem, sem sobrevoarem as áreas de proteção, a ocupação oculta, postando-se à beira da estrada e observando a multidão que sai das "reservas" no período matinal. É de tal monta a agressão ao patrimônio ecológico de nosso município, em transgressão à farta e inútil legislação de proteção, que penso que preocupações justíssimas contidas na supra referida crônica de Renato Nunes constituam-se, na prática, na discussão do "sexo dos anjos". Infelizmente. Roberto de Mamede Costa Leite r-mamede@uol.com.br
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