É como tentar mudar uma informação que escutamos desde criança: "Nunca nade contra a correnteza...". O que é nadar contra a correnteza, quando estamos falando de ética, de transparência, de valores? Será que isso não é um motivo para tentarmos todas as nossas proezas em nadar "crown", "de costas" e até "cachorrinho", defendendo nossos valores mais profundos? O que é ética? O que é transparência? O que é respeito? Conceitos altamente discutíveis, diriam alguns. Outros, diriam que isto é óbvio, e muitos outros diriam, e dizem, que é uma besteira!!!

Será que este é o mundo que nós, profissionais, construímos? O que nós contribuímos para que esta realidade se tornasse tão voraz? O que aconteceu com o ser humano? Humano? Qual é a marca que ele veste? Qual o carro que ele tem? O que estamos vivendo é muito semelhante ao lançamento do celular. Na época, "ter" um celular agregava valor a qualquer segmento social. Colocar um celular, cuidadosamente arrumado, no cinto, bolso ou qualquer área externa, era como ter a senha para entrar "no mundo da modernidade". Um detalhe: muitos celulares expostos eram "falsos", mas isso, numa visão "míope", poderia se dizer que era estimular o desejo de "ter". Mas, o mais assustador é que, se pegarmos o exemplo do celular, podemos avaliar o que "agrega valor" a um profissional. Sem dúvida é o seu currículo, que traduz a sua experiência. E é aí que o "soldadinho do passo certo volta a se questionar", porque vimos, no dia a dia, uma realidade crua e sem escrúpulos, onde até "falsificar" a formação é possível.

Por quê? Porque ninguém vai realmente atrás para saber se este ou aquele "business man" é real ou é uma farsa. Criamos um mundo virtual onde podemos colocar em nossos currículos graduações, pós-graduações, MBAs (estes no momentos são considerados "in"), de maneira que ninguém questiona. Qual a razão? Porque o "business man" fala inglês, se veste bem, tem uma boa "conversa", usa as mais arrojadas tecnologias e apresenta os projetos de uma forma (visualmente) sedutora.

Será que vivemos de qualidade virtuais? Será que não é hora de pararmos para refletir que mundo estamos construindo, seja pessoal ou profissional? Será que "soldadinho do passo certo" terá que se tornar virtual para poder digerir tanta falta de perda de valores? Será que o soldadinho de passo certo terá que se aposentar? Será que ele terá que ser somente uma "expressão de linguagem"? Não. Podemos unir ética, transparência, valores no mundo real, onde o terceiro setor é real e fundamental para a nossa existência.

Portanto, para termos o terceiro setor em condições de acontecer, precisamos nos voltar aos valores mais precisos que é o respeito, honestidade, ética e, além de tudo, experiência real de vida. Assim, cumprimos a nossa tarefa, como profissionais e, acima de tudo, como pessoas. Portanto, antes de sermos "business", devemos nos lembrar que somos pessoas, com sentimentos, valores e com objetivos de construir uma história mais verdadeira para nossos filhos ou sobrinhos e até... para os filhos de grandes amigos... Estamos precisando de oxigênio. E na minha visão, este oxigênio é sinônimo de valor e ética.

Nota do Editor: Simone Rosa é profissional da área de Marketing.