Você sabia que 30% da população carcerária do país é formada por jovens de 18 a 24 anos? Quem afirma é o secretário Nacional de Juventude, Beto Cury. Por isso, é importantíssimo que se recupere, ainda cedo, o futuro dos jovens de nossa nação. Os jovens precisam ser protagonistas das políticas sociais, pois mesmo fora dos cárceres enfrentam dificuldades de acesso à educação. Dos jovens entre 18 e 24 anos, cerca de 11 milhões (66%) não concluíram o Ensino Médio. Pensando nesse contingente de pessoas excluídas, desde 1999 o artista plástico Chico Maia implantou na penitenciária Lemos Brito, em Salvador, o ProJAL - "Arte que liberta" - projeto de inclusão social da comunidade carcerária -, montando seu ateliê em uma unidade prisional, a fim de dar oportunidade para alguns presos de desenvolverem seus talentos naturais, através da arte. O trabalho sério implantado por Chico Maia junto à comunidade carcerária fez jus à confiança da sociedade civil devido à absoluta isenção de discriminação religiosa ou preconceitos na realização de suas atividades, cujo maior objetivo é estimular o empreendedorismo, a inclusão social dos sentenciados dispostos a mudar, gerar mão-de-obra e sustento para suas famílias, além de estimular a terapia ocupacional para os detentos. A respeitabilidade foi tanta que mereceu o apoio da comunidade em geral, da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado da Bahia, voluntários e doadores, bem como da gigante Petrobras, voltada a projetos de responsabilidade social. "Nossa proposta é criar um novo modelo de cidadania participativa, estimulando o público passivo a se engajar em alguma causa digna, que possa contribuir para uma sociedade mais justa e sadia. Queremos desfortalecer a idéia de conformismo que não valoriza situações de mudança, informando a população carcerária que alguma atitude está sendo tomada por atores sociais para modificar o quadro de relacionamento entre a sociedade e sentenciados", explica Chico Maia. O ProJAL busca estimular o crescimento de doações, promover a interação de profissionais voluntários nas atividades do projeto, ajudando a construir técnicas, terapias, procedimentos que melhorem suas ações, valorizar o "produto social" (objetos artesanais) confeccionado pelos detentos, estimulando a aquisição destes como forma de colaboração e a participação nos eventos realizados pelo projeto. "Estamos determinados a implantar o ’projeto modelo’ em outras comunidades, oferecendo know how para propostas semelhantes, dando assessoria ou promovendo estudos, criando assim o ’lucro social’, que permitirá mudanças no sistema penitenciário do país", explica Maia. "Estamos inaugurando nossa filial em São Paulo, onde devemos incentivar o projeto, bem como escoar os artigos fabricados pela população carcerária, em benefício de suas famílias e de seu próprio sustento", comemora. Desde 2002, o ProJAL conta também com a colaboração da artesã Maytê Lopes, especialista em confecção de velas e objetos ornamentais em parafina, com a proposta de desenvolver suas atividades nas mesmas condições, dentro de uma unidade prisional. A ida de Maytê Lopes para a penitenciária levou uma nova motivação para a iniciativa, fundando em 2004 a ONG Arte que Liberta, entidade sem fins lucrativos da qual se tornou presidente executiva, dando uma visibilidade à proposta, que acabou por mobilizar a Petrobras como parceira. A partir deste novo panorama, o artista plástico Chico Maia se tornou o coordenador executivo do projeto, retomando sua carreira artística e promovendo as ações da ONG, que ainda se beneficia do uso do ateliê do artista para realizar seus cursos e oficinas na penitenciária Lemos Brito. O ProJAL tem impacto direto na melhoria das condições de vida da população carcerária, com ênfase no desenvolvimento social. Essa estratégia supera a lógica de uma pobreza assistida devolvendo a dignidade da pessoa humana e fomentando a justiça social com compromissos cívicos pela inclusão social através do trabalho. Mais informações pelos telefones (11) 3045-6136 e 7251-9738 ou pelo e-mail artequeliberta@terra.com.br. Nota do Editor: Claudete Cotrim é jornalista e diretora da Surpress Comunicação.
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