No início de outubro escrevi uma crônica sob o título Falta enterrar onde registrava a minha certeza de que Lula estava morto politicamente. Recebi algumas críticas, principalmente sobre a minha afirmativa. Lógico, a mídia a cada pesquisa registra que o presidente em exercício é forte candidato à reeleição. Ledo engano. No primeiro passo rumo a permanência no Poder sofrerá na carne o impacto inverso que vem provocando na sociedade desde o dia em que pisou no palácio, quer Alvorada, quer Granja do Torto. Daí a assertiva de que está morto, só faltando enterrar.

O discurso que até agora prega, primário mas de grande impacto em uma sociedade sem memória e sem cultura, não resistirá à verdade dos fatos, essa mesma verdade que hoje é jogada para debaixo do tapete mas que será de grande utilidade para seus adversários. Quais? Começando pela estrelinha vermelha nos gramados históricos do Palácio da Alvorada, passando pelos banhos de piscina, carros oficiais e aviões da Força Aérea para levar e trazer filhos e amigos dos filhos às instalações palacianas, dinheiro a rodo nos cartões de crédito dos chegados, campanhas políticas pagas com dinheiro de concorrências dirigidas e superfaturadas, compra de deputados com mensalidades, ou mesadas, apadrinhamento de amigos e familiares, aparelhamento do PT ao poder, depósito em contas do exterior sem o devido registro na Receita Federal, incapacidade de gerenciamento das verbas públicas com sérios prejuízos à exportação - descontrole da aftosa -, saúde, sistema rodoviário em precárias condições e ferroviário próximo do fim, política externa desastrosa com gastos excessivos com viagens sem proveito para a nação, ufa... Tem muito mais, é uma questão de enumerar, lembrar.

Todo esse mar de lama e incompetência virá no primeiro dia de campanha e aí sim. O povo brasileiro vai cair na real e definir seu voto, certamente apagando da memória o nome desse triste sindicalista que tanto pregou, tanto pregou que acabou sendo acreditado, certamente com uma mãozinha do Duda Mendonça. Aí nós vamos ver onde fica a reserva moral que tanto foi pregada como sendo exclusiva de um partido cujo chefe veio dos grotões do sertão pernambucano para redimir todos os oprimidos desse imenso país. Aí nós vamos ver o fim de mais um dos heróis que esse país produziu ao longo desses cinco séculos, quase todos com o mesmo fim. O ostracismo.

Pagamos o preço. Sim pagamos. Constrói-se um país com erros e acertos. Mais erros que acertos. Lula certamente deixará uma semente, um exemplo de como não deve se fazer quando nos cabe a responsabilidade de escolher nossos governantes.