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Ano 1 - Nº 13 - Ubatuba, 18 de Outubro de 1998
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· Dança do Boizinho de Ubatuba
  Sucesso no projeto "Revelando São Paulo"

    Fátima Aparecida Carlos de Souza
    articulista@ubaweb.com

Dança do Boizinho - Foto: © Fátima Aparecida Carlos de Souza

Só aprendemos a valorizar algo nosso quando esse algo ganha uma cotação alta no mercado da vida. Observei isso no último dia 20 de setembro durante a final do projeto "Revelando São Paulo", que é realizado todos os anos pela Secretaria de Cultura do Estado. Esse projeto reúne o que há de melhor no cotidiano do povo paulista: a sua cultura revelada nas tradições de seu folclore. É também fonte de matéria prima para se começar a trabalhar um verdadeiro núcleo de turismo, indústria tão carente em nossa região, no aspecto turiscultural. Porque o verdadeiro turista sabe e tem consciência de que para ser atuante se faz necessário o conhecimento de como vive, pensa e sonha o povo local, para entender o que está visitando, senão os atrativos naturais se tornam sem vida, sem mistérios ou, pior, sem histórias. E, riqueza cultural, Ubatuba tem para dar e vender, ou seja, para mostrar lá fora e ser aplaudido por uma multidão, como a que se encontrava no Parque da Água Branca, local do evento acima mencionado.
Recepcionada pelo Governador do Estado, Geraldo Alckimim, e pelo Secretário da Cultura, Antônio Macedo, a comitiva Tamôia levou para a capital dois grupos folclóricos escolhidos dentre os diversos existentes no município e que ainda teimam em sobreviver através de pessoas como o casal Élvio e Roseli de Oliveira Damásio que capitaneiam o Grupo Itapuá, no bairro do Itaguá. Durante as apresentações dos grupos folclóricos que participavam do projeto "Revelando São Paulo", devido à quantidade dos participantes, o Grupo de Dança da Fita não chegou a se apresentar, mas o de Dança do Boizinho agitou a platéia que não se cansava de querer fotografar e saber à respeito.
Dança do Boizinho - Foto: © Fátima Aparecida Carlos de Souza
A Dança do Boizinho é uma encenação teatral satírica do cotidiano de uma fazenda no litoral. Imitação da dança do bumba-meu-boi do nordeste do país, trazida por um certo "Carros", adquiriu determinadas peculiaridades combinando uma estória que atribuía aos bonecões - João Paulino e Maria Angú - o papel dos fanzendeiros; aos mascarados, os de vaqueiros e ao ladrão, o de toureiro.
Antigamente, quando Ubatuba encontrava-se isolada, o carnaval era feito pelos próprios moradores que montavam blocos de enredo para o cortejo de Momo. A atração maior eram os encontros dos blocos de Dança do Boi que, nas brigas de rua, disputavam o poder da força. Certa ocasião, um dos carnavalescos e mestre-de-boi fabricou um boi com cabeça de cimento. Num encontro com outro grupo rival, bem em cima da ponte que dá acesso ao bairro do Perequê-Açú, durante a disputa, perdeu o equilíbrio e despencou lá de cima caindo dentro do rio Grande, sendo, depois, socorrido por populares que assistiam à façanha.
Com o passar do tempo e a abertura das estradas, o município recebeu novas influências e foi deixando de lado a sua própria cultura. Atualmente, num esforço de recuperação feita pelo folclorista Sidnei Martins Lemes, com apôio da fundação cultural do município, Fundart, manifestações folclóricas como as da Dança do Boizinho têm sido apresentadas em diversas cidades, mostrando, assim, que Ubatuba é quem mantém grande parte das manifestações folclóricas ainda existentes no Litoral Norte de São Paulo.

Dança do Boizinho - Foto: © Fátima Aparecida Carlos de Souza Dança do Boizinho - Foto: © Fátima Aparecida Carlos de Souza Dança do Boizinho - Foto: © Fátima Aparecida Carlos de Souza Dança do Boizinho - Foto: © Fátima Aparecida Carlos de Souza
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Quem sabe, não esteja nisso o mapa da mina?! Por que não prestar mais atenção em nossa cultura, valorizando-a mais e dando-lhe condições de sobrevivência para, assim, expô-la como mais um atrativo turístico para que os nossos visitantes fiquem sabendo que Ubatuba, que hoje parece ser terra de ninguém, também tem alma.
Dizem que um povo sem cultura é um povo sem memória. Quem sabe se, mudando essa visão de só trazermos coisas de fora para mostrar aos turistas, não daríamos mais valor ao que é nosso, arrumando melhor a nossa casa e vendendo, assim, as nossas idéias, fazendo com que sejam respeitadas. Temos o exemplo do Grupo Itapuá que tem, na visão de seus participantes, a missão de cultivar e não deixar esquecidos os momentos tão bonitos do nosso passado, guardados apenas nas lembranças dos nossos velhos caiçaras. Isto porque é olhando para trás que se conserta o presente e se pode planejar o futuro.Fim do texto.
· Na contramão!
    O Guaruçá
    guaruca@hotmail.com

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Nossos "Novos Caminhos" estão na contramão, principalmente em tecnologia. Hoje, não há como desassociar uma gestão eficiente de informações de um moderno sistema de processamento de dados.
O que vai determinar o sucesso de um gerenciamento de informática é a forma com os recursos serão planejados e conduzidos. A informatização dos serviços em nossa prefeitura municipal iniciou-se nos meados de 1990 com um audacioso projeto do então Coordenador do Centro de Processamento de Dados.
O CPD for criado dentro de tecnologia inédita na região, com um padrão de equipamento sofisticado, utilizado apenas no setor privado. Na época, o avanço da proposta encerrava um conceito múltiplo, se transformaria numa empresa de economia mista trabalhando para a prefeitura e prestando serviços para terceiros. O CPD se tornaria um pólo de exportação de soluções em informática para outros municípios, auto-suficiente e gerador de recursos para a própria administração pública ubatubense.
A fase primeira do projeto estava em pleno funcionamento, surtindo excelentes resultados a exemplo da autonomia criada no sistema cadastral/tributário, até então processado fora do município.
O grande problema foi a falta de solução de continuidade na administração seguinte, quando aconteceu uma contratação de mão de obra terceirizada para as operações do CPD. A estrutura continuou sendo a mesma e se atualizou.
Com o advento da atual administração, cercada de enorme expectativa, imaginou-se que a área de informática, como os outros setores, obtivesse o devido tratamento graças sua importância. Infelizmente, tal não ocorreu. A realidade conhecida no que diz respeito ao CPD é confusa.
Apesar de não mantida a terceirização (duramente criticada durante a campanha eleitoral pelos tais Novos Caminhos), após a vitória e posse no cargo a administração pública não reassumiu o controle do seu Centro de Processamento de Dados, estando a trabalhar com sistemas alugados de uma empresa de outro município. O maior problema é que a Prefeitura Municipal de Ubatuba não detém a propriedade dos sistemas utilizados e, por serem alugados, podem ser retirados em caso de rescisão de contrato. De mãos atadas então ficará a Prefeitura Municipal, já que a estrutura existente não é compatível com o sistema operado pela empresa contratada, o que forçou a compra de novos equipamentos.
Uma das justificativas sobre esta forçada substituição é que a nova empresa não trabalha com a estrutura que a prefeitura possui. Convenhamos, é o mesmo que ser dono de um Ford e ter de comprar um Volkswagen já que o mecânico não mexe com o primeiro modelo.
Apesar de, em informática, existir uma filosofia considerando que qualquer sistema que funcione é um bom sistema, é impossível esquecer que uma administração municipal tem um compromisso maior com o cidadão, contribuinte que já pagou por algo que vinha funcionando a contento e que não pode ser substituído ao gosto de uma administração, ao bel prazer.
A troca de um Sistema de Informação tem que ser procedida através de um levantamento da realidade existente, análise de viabilidade e demais alternativas. Isto, além de lógico, técnico, é o legal. Visa preservar o investimento do dinheiro público.
Piorando a situação, comentários correm sobre a extinção do CPD municipal. Ficariam apenas os sistemas implantados sob a responsabilidade, e propriedade, da empresa contratada pela administração pública municipal da cidade de Ubatuba. É difícil crer, para não dizer impossível, que em nossa cidade não existam profissionais qualificados na realização de trabalhos de informática nesse nível.
Em resumo, o processamento de dados é uma área sofisticada que exige profissionais competentes e muita responsabilidade. Não há espaço para o amadorismo.
Ademais, necessário é levar-se sempre em consideração que as despesas públicas são pagas com o dinheiro do contribuinte que, em hipótese alguma, deve receber uma injusta conta.
Ora, ora, pois, pois... Observando o que ocorre no Centro de Processamento de Dados da Prefeitura Municipal da Estância Balneária da cidade de Ubatuba, Estado de São Paulo, Brasil, América do Sul, planeta Terra, e refletindo sobre os nossos(?) "Novos Caminhos", permitam-me parodiar uma simpática e folclórica figura de Ubatuba que na sua simplicidade indaga: ondécotô?

É meia-noite do dia 18 de outubro de 1998 e, na praia do Léo, Nhô Tico termina de ler os escritos de seu considerado Guaruçá que lhe indaga: como é que o senhor explica isso Nhô Tico?

"- É facinho Guaruçá. Só num vê quem num qué, ou tá levando argum prá concordá cos isquema. Isso é coisa véia. Nu própriu Egito, nu tempu da Creópa, a turma já dava um jeitu di farsificá us papiru prá mode apresentá as conta tudu certinha pru povão qui, cumo agora, acabava sempri na mão. Ocê num vai espaiá muito u qui ieu vô ti ispricá agora, sinão vai dá o maió rebuliçu: sempri qui a sua pessoa tá trabaiandu direitinhu, honestinhu num tem pobrema quandu aconteci uma faiazinha quarqué. Todu mundo intendi qui perfeitu só o sinhô lá du céu. Mai quandu ocê tá querendu tapá u sor cu'a penera, num dianta dizê qui num sábi u qui tá fazendu. O pessoar vai sempri inxergá pelus buracu, amanhã ou nu anu qui vem. É a tar istória: num dianta ocê tentá intendê quandu a turma tá querendu ispricá o inespricáver prá ôce."Fim do texto.
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