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Ano 1 - Nº 13 - Ubatuba, 18 de Outubro de 1998
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· Feliz Aniversário, Ubatuba!
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Ubatuba fará aniversário no dia 28 de outubro - 361 anos. Há exatamente 29 anos, numa sala de aula da 4ª série ginasial, no Ginásio Estadual Capitão Deolindo de Oliveira Santos, duas colegas de classe - Helena Kanazawa e Amélia Mesquita - ganhavam o concurso para a criação da bandeira oficial do município. Naquele mesmo ano, 1969, eu seria o aluno a desfilar com essa bandeira pela primeira vez. Detestava desfiles cívicos, ainda mais de porta estandarte. O diretor da escola, o saudoso Celestino Aranha, pediu, insistiu e, depois, ameaçou-me. Fui a contragosto. Hoje, sinto-me orgulhoso do feito.

Bandeira de Ubatuba

O aniversário de Ubatuba me fez lembrar dos velhos tempos e também de refletir sobre o sentido que têm hoje em dia, não só a minha, mas as cidades de um modo geral. É muito difícil para as pessoas da minha geração, nascidas e criadas no interior, terem experimentado essas profundas transformações ocorridas no mundo na metade do século em diante. É como se vivêssemos em dois mundos radicalmente diferentes, como se estivéssemos com as pernas abertas sobre um abismo, pisando em margens que se afastam uma da outra, como fendas de um terremoto. Ter um pé no passado e outro no presente, atordoados, porque o presente já não engravida o futuro. É um presente fragmentado, pulverizado, em que nada é feito para perdurar, em que os valores do passado estão mortos ou estertoram. Um presente em que o fastio recorrente é distraído pela busca ansiosa e neurótica de novidades, mas tudo se torna fora de moda rapidamente.

"A cidade deixou de ser um lugar de socialização para se tornar um lugar de dessocialização"... (Paul Virílio - urbanista francês - Folha de São Paulo - 28/9/97). "...A consideração do espaço "enquanto categoria da instalação histórica do homem e de sua cultura [...] a crise moderna e contemporânea em termos espaciais, onde as "casas perdem o velho sentido de morada, os jardins tornam-se áreas de lazer e a praça, lugar de adensamento do tráfego automobilístico, perde a sua virtude de congregar os homens para o uso da palavra persuasiva, no duro ofício da cidadania." Em outras palavras, a crise do espaço, da habitação no sentido filosófico, é a crise de nosso ser para o mundo, portanto de nossa compreensão de nós próprios, do sentido de nossa humanidade." (Benedito Nunes, citado por Luiz Camillo O. de Almeida, crítico de arte e professor da PUC-RJ, em artigo na Folha de São Paulo).

Nos últimos 30 anos, Ubatuba, ao mesmo tempo em que atraiu investimentos, inchou, favelizou-se. Isso depois de ter se transformado na galinha dos ovos de ouro para empresários da construção civil, investidores imobiliários, de empresários do setor do turismo, de ter se transformado no eldorado para engenheiros e advogados. A Folha de São Paulo, de 23 de agosto de 1992, divulgava dados do IBGE, em matéria que dizia: "Em Ubatuba, a cidade do litoral que mais cresceu desde 80, o número de casas de veraneio aumentou mais que a população durante a década. Em 80, havia 5.464 imóveis ocupados apenas em finais de semana e nas férias, contra 14.810 hoje, o que dá um crescimento de 171%. No mesmo período, a população aumentou 129%." Em outro trecho: "O chefe da Divisão de Pesquisa do IBGE no Estado, Domingos Schanoski, 5l, disse que o "boon" populacional no litoral foi decorrência da migração de baixa renda. Segundo ele, a maior parte dos migrantes encontrou ocupação na construção civil e na pesca. Hoje, vivem em áreas de risco (encostas) ou inadequadas para moradia (beiras de rio e mangues)."

Em minha infância e juventude, éramos partes de um todo chamado Ubatuba, que era maior do que a soma de nós todos. O que vemos hoje são partes distintas, justapostas, a maioria das pessoas sem vínculos, sem raízes, sem laços entre si, querendo construir um novo todo. Já não sabemos que cara terá este todo, esta nova cidade. Talvez a de uma colcha de retalhos. Ubatuba perdeu sua cara e busca ansiosamente outra. A Ubatuba dos velhos tempos tinha as mesmas setenta e tantas praias cercadas pela exuberância sinuosa da Serra do Mar, mas as praias, o mar, as costeiras, as várzeas, as montanhas, não estavam entre nós, porém, em nós. Entre o mar e a terra não havia loteamentos, entre as propriedades não haviam cercas ou muros. As propriedades eram delimitadas, mas não defendidas. A natureza, que era bem mais pródiga e bela, tinha um valor existencial, emocional, cultural, histórico...

Talvez a morte daquela Ubatuba tenha se dado quando todo esse espaço vital transformou-se em simples mercadoria. Por cegueira ou impotência, permitimos não só a venda da terra, com ela foi-se também a nossa alma, a alma caiçara. Parabéns, Ubatuba! RIP, Ubatuba!Fim do texto.
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