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Ano 1 - Nº 13 - Ubatuba, 18 de Outubro de 1998 |
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· No melhor dos mundos Roberto de Mamede Costa Leite mamede@iconet.com.br
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E, sofridamente, este augusto personagem, acima do bem e do mal, pensa (?), nestes momentos de amargura, na incompreensão desta turba desassociada de seus sublimes sonhos: quantos percalços tem que atravessar um idealista que, para concretizar seus íntimos e impublicáveis sonhos diretivos não cumpriu, mas com todo respeito e justificativa, suas promessas eleitorais. Será que estes pedintes, que não alcançam minha grandeza e divino direito de descompromisso com as necessidades humanas, esperam que eu cumpra minhas promessas, esquecendo que para iluminados como eu estas coisas não valem? Será que eles desconhecem que os fins justificam os meios? Em bom português, como explicar para esta gentinha que eu tudo posso? Como dizer que eu, como o Quixote na opereta, tenho como objetivo: "Dream an impossible dream (Sonhar um sonho impossível)". Se isto custa atraso da comunidade, empobrecimento geral e linear de toda sociedade ubatubense, sujeira nas ruas, insatisfação dos funcionários, esvaziamento dos turistas que ainda teimam em aqui vir, execração dos eleitores traídos, falência do comércio, rompimento da palavra empenhada, traição aos objetivos propostos na campanha, negócios desnecessários, ilegais e nebulosos com dinheiros públicos, feitos por pessoas por mim encarregadas e que não resistem ao mais superficial olhar, tudo isso não deve e não pode ser condenado. Por exemplo, as três fotos, tiradas sábado cedo, dia 03/10/98 p. p., juntas à matéria, reproduzem o 'jeito de administrar' dos 'novos caminhos/velhos atalhos': FOTO 1 - flores do calçadão que minha (des)administração oferece aos turistas. Aos que não sofrerem de estupidez córnea, as 'flores' nada mais serão que... lixo empilhado no banco, em torno de uma floreira; FOTO 2 - ambiente de repouso que me cabe fornecer e que o turista procura. Para os adeptos da realidade, são beliches no calçadão, aparelhados de horríveis, coloridos e prosaicos colchões; FOTO 3 - visual agradável e idílico do calçadão para o turista. Não se deve levar em conta que na ótica ontológica, o visual tenha a forma de exposição e oficina de consertos de loja de móveis. Finalizando, quero pedir desculpas aos eventuais leitores da forma, por vezes, rebuscada e interpolada com que escrevinhei o acima: é que certos assuntos devem ser cercados, por sua natureza intrínseca, de medidas de segurança que nos protejam de seus nauseabundos e perigosos eflúvios. Quero, por derradeiro, tentar dar forma pseudo filosófica literária aos desvairos que aqui vimos constatando e sentindo no lombo e imaginar que, em priscas eras, tenha este destrutivo Nero caiçara lido 'OS IRMÃOS KARAMAZOV', de TOLSTOI e, como um dos personagens, concluído: Nós, espíritos superiores, elite acima das leis e do senso comum, habitantes de rarefeito olímpo, descobrimos que se Deus não existe, tudo é permitido.
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Ano 1 - Nº 13 - Ubatuba, 18 de Outubro de 1998 |
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