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Ano 1 - Nº 13 - Ubatuba, 18 de Outubro de 1998 |
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· Feliz Aniversário Ubatuba, UbaWeb Aládio Teixeira Leite Filho articulista@ubaweb.com
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Todo o café do Vale do Paraíba, começou a descer a serra em lombos de burros para serem escoados pelo porto de Ubatuba. Por dois ou três anos consecutivos nossa cidade chegou a ostentar produto interno bruto, PIB, maior que o da própria capital. Em virtude da necessidade de se criar mecanismos de escoação do café produzido no Vale do Paraíba de forma mais rápida e em maiores proporções ensaiou-se a construção de uma estrada de ferro que acabou só ficando no projeto, pois pressões políticas acabaram levando a estrada de ferro para Santos e Ubatuba em decorrência destes acontecimentos novamente entra em declínio, rapidamente voltando a condição de pequena e sonolenta vilinha esquecida próxima a Serra do Mar e a apenas três metros acima do nível do mar. Morfeu novamente estende seus longos braços e embala Ubatuba em seu longo repouso em berço esplêndido, contudo o sono que de Ubatuba se apossou, era um sono gostoso, leve e sem pesadelos; é bem verdade que o caiçara não contava com nenhum tipo de sofisticação que, então já começava a ser proporcionado pelo ainda insipiente avanço tecnológico, mas em sua simplicidade passava um vidão, pois a pesca era abundante, a mãe terra lhes era extremamente pródiga, e tudo o que plantava nascia em grande quantidade, nas noites de céu enluarado tocava sua viola e alegremente cantava canções que varavam noites calmas, não esperavam ônibus ou cartas e tão pouco sonhavam com o plim! plim! global, que hoje bombardeia nossas cabeças através de potentes satélites, temiam a mula sem cabeça, lobisomens e assombrações, curavam-se com rezas e ervas, não eram escravos nem do relógio nem do dinheiro, eram homens livres, sempre livres... Lá por volta de 1930 o primeiro carro de um tal de seu Miranda, atravessou triunfalmente ruas poeirentas, diante de uma população atônita e amedrontada, inaugurando assim, uma nova era econômica para nossa Ubatuba. Foi construída a velha e tortuosa estrada Oswaldo Cruz, e o turismo passou então a ser o carro chefe e a impulsionar o entre aspas progresso da pequena cidade. Novas casas foram sendo construídas, centenárias e históricas casas criminosamente derrubadas, nossa identidade sendo apagada e rapidamente muito pouco de nossa cultura e tradição sobrando pois, substituíram as amplas casas de imensas janelas e portas por casas escuras e apartamentos em forma de caixa que, nos proíbem cada vez mais, a linda paisagem que outrora de nossas antigas janelas, sem o mínimo esforço, se podia avistar. 361 anos e nunca a cidade sentiu tanto o peso dos anos, como nessas últimas décadas; suas florestas arrasadas, levando de roldão também sua rica fauna, os pássaros como por obra de um mal fadado encanto silenciaram e sua maravilhosa orquestra, foi substituída pelo mal gosto sonoro do ronco de motores de carros e motos envenenadas. Os poucos rios que restaram identicamente a inúmeras praias agonizam face ao volume cada vez mais crescente de efluentes domésticos, bairros inchados sem infra-estrutura e, de forma desconfortante acolhem populações pobres, que não vivem apenas agüentam... Mas o caiçara sempre foi movido pela fé, em vários períodos passamos por fases ruins e superamos, principalmente nos acende ainda mais a chama da esperança quando vemos no fronte de nossa boa luta, caiçaras como um Luiz Roberto de Moura, Eduardo Antonio de Souza Netto que, com talento, amor a cidade se dispõem de forma desprendida a realizar um projeto da magnitude da revista UbaWeb, funcionando de forma ultra eficiente no sentido da divulgação de nossa cidade, no que se refere aos seus mais variados aspectos: belezas naturais, culinária, história, geografia, meteorologia, causos, música, literatura, folclore, artes plásticas... e, principalmente criando um espaço virtual para muitos caiçaras navegarem esta infomaré e terem a chance de mostrar seu trabalho via Internet. Parabéns Ubatuba e parabéns UbaWeb que, juntos temos a firme certeza, haverão de cumprir seu destino; este, totalmente comprometido com a flama do desenvolvimento, do sucesso e da felicidade para o bem dos sempre nobres, valentes e esperançosos corações caiçaras que, mesmo sofridos jamais perderão a ternura... Ubatuba amar é...
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LEIA NESTA EDIÇÃO
A História do Surf de Ubatuba e seu Futuro |
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Ano 1 - Nº 13 - Ubatuba, 18 de Outubro de 1998 |
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