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Ano 2 - Nº 14 - Ubatuba, 15 de Novembro de 1998
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· Sopa de letras indigesta
    Aládio Teixeira Leite Filho
    articulista@ubaweb.com

Nossa nação, no momento vem atravessando sérias dificuldades econômicas, reflexo de uma conjuntura internacional, já que hoje o mundo consolidou mais do que nunca a predominância do conceito de globalização total e o que acontece de bom ou de mal repercute automaticamente em todos os pontos do globo terrestre e, com os problemas econômicos iniciados na Ásia, como quebra de bolsas e bancos em Singapura, Tóquio... e posteriormente com o estouro financeiro na Rússia, que inclusive, decretou moratória, acabou como era previsível em decorrência de tal situação, sobrando crise para todos os países do mundo, especialmente para economias de países emergentes como é o nosso caso.

Considerando-se este contexto, podemos nele inserir nossa cidade que, como não poderia deixar de ser diferente, não passou incólume e, começa a amargar um brutal refluxo econômico. Nosso potencial turístico, um dos pilares de nossa economia não está conseguindo corresponder as expectativas, em principio é bem verdade, por falta de melhor organização e ausência de melhor infra-estrutura e, com o agravamento dos problemas econômicos do país, tudo piorou e enfrentamos uma impiedosa recessão. Desta forma, nossa população está cada vez mais pobre, identificando-se um número crescente de chefes de família desempregados e o fechamento por mera questão formal de determinadas atividades, como ocorreu especificamente com a extração de saibro aqui em Ubatuba neste caótico momento, contribui para gerar inesperado e grave complicador, aumentando ainda mais as dificuldades sociais que já não são pequenas em nosso município o que é, incompreensível, extremamente lamentável e injusto.

Há bem pouco tempo, foi verificado no setor de extração de saibro uma paralisação desta atividade, por conta de questões burocráticas junto ao DPRN. Depois de muitas discussões, muitas reuniões e mobilização dos profissionais que operam no setor, conseguiu-se superar o entrave burocrático que estava ocorrendo com relação ao DPRN e agora, para surpresa de todos, eis que, estranhamente surge um novo órgão, dantes nunca mencionado e que nunca nos foi dado conhecimento existir, e mais uma vez, é determinado do dia para a noite e sem mais nem menos a proibição da extração do saibro, deixando, como conseqüência desta verdadeira balbúrdia, inúmeros chefes de famílias sem a possibilidade de ganhar seu meio de sustento, o que convenhamos é no mínimo falta de bom senso e, em segundo lugar, total falta de coordenação entre os órgãos que se atêm às questões ambientais. Desta forma, quando uma sopinha de letras libera (DPRN, CETESB), vem a seguir uma outra, no caso aqui em questão, o DNPM e obstrui. Nesse emaranhado de gerência e ingerências, quem sofre as conseqüências é o trabalhador que de uma ora para outra fica desempregado.
Nesta perspectiva, modestamente apontamos como sugestão, que os departamentos responsáveis pela política de liberação de licenças para extração de saibro, areia e similares, tais como: DPRN, CETESB, DNPM e outros mais que por ventura existam, sejam unificados e suas exigências formais e deliberações sejam expedidas a um só tempo, facilitando a vida de quem se habilita a exercer a atividade e, mais ainda, achamos que toda esta questão ambiental, deveria ser a principio arbitrada em primeira instância pelo município, que deveria contar com um departamento que, aliás está em vias de ser criado aqui em Ubatuba, uma secretaria de meio-ambiente municipal, órgão que poderia vir a ficar responsável no que tange à regulamentação e fiscalização da atividade de extração de areia, saibro... nos limites territoriais do município, sendo que, por sua vez, o Estado faria a fiscalização do tipo exercido por exemplo, pelo Tribunal de Contas na área das finanças, só que neste caso, a fiscalização seria naturalmente voltada para a atuação do executivo na área ambiental. O Governo Federal, por sua vez, na seqüência, monitoraria o Estado, acabando com a confusão que atualmente vem se estabelecendo no referido setor, tendo como conseqüência final, asfixiciação econômica e social para os municípios, como o que no momento ocorre aqui em Ubatuba. Nesse sentido é bom nos reportarmos ao ilustre professor Milton Santos da USP, quando diz em seu livro Globalização e Meio Científico o seguinte: "A mediação interessada, tantas vezes interesseira, na mídia, conduz, não raro, a doutorização da linguagem, necessária para ampliar o seu crédito, e a falsidade do discurso, destinado a ensombrecer o entendimento. O discurso do meio ambiente é carregado dessas tintas, exagerando certos aspectos em detrimento de outros, mas sobretudo, mutilando o conjunto. Se antes a Natureza podia criar o medo que cria uma Natureza que atende interesses imediatos e falsos onde a Natureza é apresentada como se fosse o Todo. É a mídia o grande veículo desse processo ameaçador da integridade dos homens. Virtualmente possível, pelo uso adequado de tantos e tão sofisticados recursos técnicos, a percepção é mutilada, quando a mídia julga necessário, através do sensacional e do medo, captar a atenção. Muitos movimentos ecológicos, cevados pela mídia destroem,, mutilam ou reprimem a Natureza."Fim do texto.


ROLDÃO LOPES DE BARROS
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