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Ano 2 - Nº 15 - Ubatuba, 20 de Dezembro de 1998 |
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· A faquinha lapônia Ricardo Yazigi ryazigi@iconet.com.br
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Chegou o dia de voltar. Mochila nas costas e bolsa de mão, segui para o aeroporto de Estocolmo. Despachei a mochila e entrei para o embarque com minha bolsa de mão. Ao atravessá-la pelo raio X, a surpresa. O policial sueco polidamente solicitou permissão para abrir minha bolsa. - Senhor, infelizmente não poderá embarcar com esta faca no avião. Preencha este formulário que a enviaremos para sua residência, em breve. Perdi minha faquinha da Lapônia, pensei. Depois de tanto sacrifício, pechincha e milhares de quilômetros rodados, iria me separar da minha faquinha, que já se tornara de estimação, por antecipação. Foi uma dura punhalada. Chegando ao Brasil, passei pela alfândega e corri para o box da companhia aérea. Queria saber se veio alguma encomenda para mim, quem sabe haveriam mandado pelo comandante do vôo. Após longos minutos, a confirmação: nada. Segui para casa triste. Era só uma faquinha de dez dólares, mas era de estimação e ainda por cima da Lapônia. Desarrumei minha mochila, fui almoçar e depois descansar da viagem. Acordei com a terrível campainha do telefone. - Sim, sou eu. - disse eu à simpática voz feminina que vinha do outro lado da linha. - Senhor, estou ligando para avisá-lo que chegou sua encomenda da polícia sueca. - Como?!! - Sua encomenda da polícia sueca já chegou e tivemos ordens para levá-la imediatamente à sua casa. O senhor poderá aguardá-la aí? Gostaríamos de confirmar o endereço. Não sei se estava entorpecido pelo sono ou pelo telefonema. Encomenda da polícia sueca? Será que houve algum engano nesta história? Uma hora depois, toca a campainha de casa. Dois senhores de terno impecavelmente vestidos me entregam a encomenda e pedem para mim assinar quatro vias de um documento. Agradecem educadamente, e pedem desculpas pelo transtorno em nome da polícia sueca, entram num carro de luxo, do ano, e seguem seu rumo.
Ao abrir o pacote, meus olhos brilharam ao ver minha faquinha lapônia de estimação. Fiquei, por longos instantes, refletindo filosoficamente sobre os valores diversos dos povos e como ainda pode existir respeito ao ser humano, num mundo tão complexo e, muitas vezes, frio como o nosso. Depois deste episódio, comecei a achar que Papai Noel realmente deve existir.
![]() Boogie de Ubatuba
26 DE DEZEMBRO 98 A 10 DE JANEIRO 99 |
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Ano 2 - Nº 15 - Ubatuba, 20 de Dezembro de 1998 |
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